Ao contrário de ocasiões anteriores, ser líder do governo atual, no âmbito do legislativo mineiro, é um sacrifício, pois há necessidade de atuar em uma conjuntura completamente adversa, balizada por muitas demandas dos demais colegas de bancada, embora se saiba da sofrível posição financeira do Estado.
Essa é a fotografia da realidade, um cenário pantanoso onde vai pisar o deputado do PSDB, Luiz Humberto Carneiro, a partir de 1º de fevereiro, quando assumirá o posto de representante do governo junto aos demais 76 deputados com assento na Assembleia Legislativa de Minas, por decisão do governador Romeu Zema (PHS).
Surpreendentemente, o questionamento contra o início das atividades do novo líder governamental veio de onde não deveria: do Partido Novo, sua sigla. Nos corredores da Cidade Administrativa, comentou-se que Zema teria mandado um recado: “Por favor, não criem mais problemas para eu resolver, pois já basta os que tenho em minha mesa diariamente”.
Só para rememorar, na segunda feria, dia 21, prefeitos foram barrados na entrada do Palácio Tiradentes. A rigor, ninguém sabe de quem emanou a ordem, inclusive, com a presença de PMs que fizeram um longo cordão de isolamento na entrada do prédio. No entanto, a cena do quase confronto alimentou as redes sociais, assim como a grande imprensa do país. Na avaliação de jornalistas políticos, o governo, ao tomar essa atitude, usou o velho método de apagar fogo usando gasolina.
Dois dias após esse episódio, três deputados do Partido Novo ironizavam a presença de Luiz Humberto como líder de todos os parlamentares, argumentando que existem tucanos “em excesso” em torno do governador.
Na semana passada, os comentários maldosos eram no sentido de que o governo Zema é mais tucano do que os próprios tucanos quando assumiram. Por seu turno, o deputado escolhido para fazer a intermediação entre Executivo e Legislativo se mantém sereno. “Ele vai dar um baile na turma, pois tem experiência”, garante outro colega parlamentar.
Carreira pública
Luiz Humberto Carneiro iniciou sua vida pública em 1990, na qualidade de presidente do Sindicato Rural de Uberlândia. Já em 1991, se tornou secretário de Agricultura, ficando no posto até 1995. Ao deixar a pasta, foi designado secretário de Habitação, permanecendo até 1999.
Fez sua estreia como parlamentar estadual em 2002, seguindo no legislativo até os dias atuais, ou seja, tem quase 20 anos de experiência. Nesse período, foi escolhido presidente de comissões internas importantes, exerceu cargos de destaque, como o comando da liderança de governo no final da administração tucana de Antonio Anastasia e também na época do então governador Alberto Pinto Coelho.
Efetivamente, as razões para se chegar à escolha do tucano, nomeado líder do Poder Executivo, no âmbito do poder Legislativo, continuam sendo uma incógnita. Contudo, segundo se comenta nos bastidores da ALMG, nomes de outros parlamentares teriam sido sondados, mas diante das negativas, optou-se então por Humberto, eliminando assim a pressão vinda de deputados sem experiência.
Tanto a liderança do governo, como a administração de Zema iniciam suas jornadas sob enormes críticas e, de certo modo, frustrações, especialmente dos prefeitos que, nesse início de mês, com apenas 15 dias da atual gestão, partiram para cima do governador, exigindo repasses imediatos dos valores devidos aos municípios.
Porém, se o projeto prosperar, os mineiros poderão se orgulhar da presença dos representantes da política do Triângulo Mineiro no comando da gestão pública estadual. Vale dizer que Zema é natural de Araxá, enquanto o seu líder na ALMG tem como terra natal Uberlândia, considerada atualmente a cidade mais próspera do Estado.