CENÁRIO SEM TEMER
Diante do enfraquecimento de Michel Temer (PMDB) à frente da presidência, economistas e analistas do mercado financeiro já veem como favorável à travessia da delicada situação econômica do país a sua substituição pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O pragmatismo explica a troca: Temer lutando para se manter no cargo não conseguirá aprovar reforma econômica alguma, na avaliação do mercado. Já Maia, amparado por um acordo com outros partidos, teria mais chances de avançar, mesmo que as reformas saiam aquém do esperado.
CONTRIBUIÇÃO NEGOCIAL
Na campanha por votos para barrar no Congresso a denúncia contra o Michel Temer (PMDB) por corrupção passiva, o governo está decidido a fazer um afago às centrais sindicais, que vão perder o filão do imposto sindical obrigatório na reforma trabalhista. O tributo será substituído por uma contribuição negocial em favor das entidades, a ser definida e aprovada pelos trabalhadores nas assembleias durante o processo de negociação coletiva, de acordo com a minuta de uma medida provisória (MP). Pelo que está sobre a mesa, a contribuição também se aplicaria a sindicatos patronais.
FALO OU NÃO FALO?
Eduardo Cunha anda indeciso em relação a uma eventual delação premiada. Semana passada, ele mandou sustar as tratativas de uma colaboração junto ao Ministério Público.
CANAL ABERTO
BNDES na mira do TCU. O Tribunal de Contas da União (TCU) autorizou a realização de uma auditoria no BNDES para avaliar o real impacto dos empréstimos concedidos pelo banco na economia. A decisão representa a medida mais rigorosa tomada pelo tribunal no acompanhamento das operações de crédito do banco de fomento, que já vinha sendo investigado em razão do apoio ao setor de frigoríficos, principalmente, à JBS. Segundo o TCU, o ministro Vital do Rêgo, designado relator do caso, vai estabelecer o período sobre o qual ele vai se debruçar. Em outra decisão do órgão, que terá impacto para o banco de fomento, o TCU concluiu que pode usar provas obtidas na delação premiada do empresário Joesley Batista, dono da JBS, para investigar o relacionamento da empresa com o banco.
Ainda acaba na ABL. O próximo livro de Nei Lopes terá o nome de “Academia de Letras”, com textos e comentários sobre cerca de 300 letras que ele escreveu em 45 anos de música. O título da obra, organizada por Marcus Fernando e editada pela Mórula, é uma homenagem ao Acadêmicos do Salgueiro, a escola de Nei. Aliás, com todo o respeito, o único membro negro da ABL é Domício Proença Filho, que preside a casa do mulato Machado de Assis.
Comendo em casa. Na contramão da recessão, o consumo de gás de cozinha em botijão – usado na maioria dos lares do país – subiu 3,72%, em maio frente ao mesmo período de 2016. É o retrato da crise: as pessoas cozinham mais em casa, cortando as idas a restaurantes.
Efeito limitado do FGTS. A expectativa de que a liberação das contas inativas do FGTS daria fôlego para a economia tem sido parcialmente frustrada. Apesar do dinheiro extra no bolso dos brasileiros, a inadimplência continua em alta, e dados do varejo – setor que deveria se beneficiar da injeção de recursos – ainda não convencem. Para analistas, a incerteza em relação à atividade econômica e a recuperação frágil do mercado de trabalho estão por trás desse fenômeno. Segundo o balanço mais recente da Caixa Econômica Federal, R$ 38,2 bilhões já foram sacados das contas inativas. Até o fim deste mês, cerca de R$ 40 bilhões serão retirados.
Status: encantado. O chileno Antonio Skármeta se encantou com Selton Mello e vem ao Brasil para divulgar “O filme da minha vida”, longa dirigido pelo ator e baseado em seu livro: “Um pai de cinema”. Skármeta, aliás, não só visitou o set, como faz uma ponta no longa. A editora de sua obra, a Record, aproveita para lançar outra edição com nova capa e um texto do diretor sobre a adaptação. Selton conta que depois de assistir ao seu longa anterior “O palhaço”, Skármeta lhe mandou um exemplar, pedindo que fizesse a adaptação.
Celulares bloqueados. Cerca de 40 milhões de brasileiros poderão ter seus celulares bloqueados até o fim do ano. A medida vai atingir quem comprou aparelhos sem certificação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), cujo registro não seja válido. Esse registro é único para cada aparelho, como o número de chassi de um carro. A medida se estende a outros aparelhos que utilizam chip para se conectar à internet, como laptops, computadores, tablets etc. O objetivo é combater o comércio paralelo, principalmente, de celulares. Nos últimos anos cresceu o número de lojas, camelôs e sites que vendem modelos sem homologação, falsificados ou roubados. O bloqueio poderá ser feito em 75 dias após a notificação. A data original para informar ao consumidor era 30 de julho, mas foi adiada a pedido do Sindicato das Empresas de Telefonia do Brasil (SindiTelebrasil).
Quero mais. A Odebrecht botou à venda sua sede em São Paulo e recebeu uma oferta de R$ 300 milhões, mas desistiu. Afinal, só para erguê-la gastou R$ 500 milhões. Como era uma obra para ela própria, o valor não deve ter sido superfaturado.