
De acordo com um levantamento realizado pelo IPC Maps, devem ser gastos R$ 22,1 bilhões nas despesas relacionadas ao consumo de café em 2025. O número é 11% maior do que no ano passado, quando R$ 19,9 bilhões foram desembolsados. A sondagem considera os valores gastos com a compra do pó de café e cápsulas nas residências e também o que é consumido fora de casa.
O responsável pela pesquisa, Marcos Pazzini, explica que apesar da alta nas despesas relacionadas ao café, não significa que o brasileiro esteja consumindo mais o produto na mesma proporção. “Verificamos aumento significativo nos valores do café moído nos últimos meses, além do fato que os cafés em cápsulas ganham cada vez mais espaço na residência dos brasileiros. Portanto, o avanço nos preços e as mudanças nos hábitos de consumo dos brasileiros levaram a esta elevação de 11%”.
“Observa-se também, principalmente nos grandes centros urbanos, o crescimento de cafeterias gourmet, onde os preços praticados são superiores aos dos pontos de venda tradicionais”, complementa.
Queda nas vendas
Segundo um estudo realizado pela Associação Brasileira da Indústria do Café, no acumulado do primeiro quadrimestre de 2025, as vendas caíram -5,13%, passando de 5.010.580 sacas para 4.753.766 sacas.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Pavel Cardoso, pontua que a redução é encarada como natural pelo setor. “É um comportamento sazonal, notadamente pelos aumentos acumulados nos últimos meses terem chegado mais fortemente às prateleiras nos meses de março e abril. No primeiro bimestre, houve alta desse consumo em volume comparado a 2024”.
Cardoso lembra que em novembro do ano passado teve um incremento nas cotações do café arábica e robusta, fazendo com que supermercados e consumidores fizessem estoques. “Entre janeiro e fevereiro houve promoções dos próprios supermercados, quando recebiam tabelas da indústria fazendo a desova daquele volume adicionalmente comprado no mês anterior para os consumidores, que aproveitaram essas promoções e fizeram naturalmente um estoque adicional ao que é normalmente consumido nos seus lares”.
Pazzini salienta que o consumo da população vem puxando o crescimento da economia nos últimos anos. “Aliado ao aumento da população empregada com carteira assinada, a tendência é que nos próximos anos continuemos a observar este avanço no consumo de café no Brasil”.
Safra em 2025
A estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é que em 2025 sejam produzidas 55,7 milhões de sacas. Minas Gerais deve ser responsável por quase a metade da produção, cerca de 26,1 milhões de sacas. Segundo a Conab, o Estado deve ter uma redução de 7,1% em relação a 2024 devido ao ciclo de bienalidade negativa, aliada ao longo período de seca nos meses precedentes à floração.
O presidente da Abic destaca que a safra de café deve ser ligeiramente menor em 2025, principalmente por questões climáticas. “As projeções apontam para uma redução na produção do café arábica. O recorte a partir de setembro, quando finalizarmos essa colheita e estivermos pensando na safra de 2026, poderemos observar uma retração nas cotações do café, podendo chegar às prateleiras dos supermercados ainda esse ano com preços mais convidativos aos consumidores”.