
O setor mineral prevê um investimento de US$ 68 bilhões para o período de 2025/2029. É um aumento de cerca de US$ 4 bilhões em relação ao período anterior (2024/2028), um crescimento de 6,6%, segundo dados de entidades ligadas ao segmento.
O minério de ferro tem a maior participação no volume de recursos (28,7%): US$ 19,59 bilhões (+13,4%). O segundo da lista se refere às projeções dos investimentos socioambientais, que saltaram de US$ 10,67 bilhões para US$ 11,33 bilhões (+6,2%). Em seguida estão os aportes em logística: US$ 10,9 bilhões (+5,2%). Minas Gerais, Pará e Bahia receberão o maior volume de aplicações de recursos: US$ 16,5 bilhões; US$ 13,48 bilhões; e US$ 8,99 bilhões, respectivamente. Os investimentos em múltiplos estados somam mais de US$ 12,7 bilhões.
O economista Ricardo Paixão explica que o investimento no setor mineral é impulsionado por diversos fatores. “Podemos citar a demanda global por minérios estratégicos e o potencial geológico brasileiro. Nosso país possui grandes reservas minerais, como ferro, ouro, alumínio e manganês, atraindo capital estrangeiro. Outro fator é estabilidade regulatória, apesar de alguns desafios, o Brasil mantém um marco estável para o segmento, o que aumenta a confiança dos investidores”.
“A infraestrutura logística também é outro fator, investimento em ferrovias, portos e energia, melhora a competitividade das exportações de mineral. E a demanda global por minerais estratégicos significa que o avanço da transição energética das tecnologias verdes, como carros elétricos, turbinas eólicas e painéis solares, levou à procura por minerais como lítio, níquel, cobre e terras raras”, afirma.
Paixão pontua que o impacto do crescimento do investimento é bastante significativo. “O setor responde por cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) e mais de 20% das exportações totais do país. Com o aumento, podemos esperar geração de emprego direto e indireto, especialmente em regiões interioranas; e aumento da arrecadação fiscal. Podemos citar também uma dinamização das economias locais, com efeitos multiplicadores em serviços, comércio e infraestrutura”.
Ele ressalta ainda que existe uma tendência de alta no setor. “Impulsionada pela demanda internacional persistente de países como China, Estados Unidos e da Europa, que demandam muito minerais para indústria e energia limpa. Também a nova corrida por minerais estratégicos, devido ao estímulo de governos e empresas, a transição energética. E a ampliação da capacidade instalada por mineradoras, expansão da Vale e novas operações de mineração de lítio em Minas Gerais e na Bahia”.
Faturamento de 2024
No ano passado, o faturamento do setor mineral foi de R$ 270,8 bilhões. O montante representa uma alta de 9,1% na comparação com 2023. Entre as substâncias minerais, o minério de ferro apresentou 8,6% de elevação no faturamento. O cobre teve 25,2%, seguido por granito (17,9%) e ouro (13,3%).
Já entre os estados, Minas Gerais apresentou o maior faturamento anual em mineração em 2024: R$ 108,3 bilhões, crescimento de 4,5%. Pará registrou faturamento de R$ 97,6 bilhões, com alta de 14,4%. E São Paulo registrou R$ 10,3 bilhões, com alta de 12,9%.
As exportações de cobre aumentaram 20%, com receita de US$ 4,2 bilhões; as de ouro cresceram 13,5%, US$ 3,96 bilhões, mas decaíram 20,4% em toneladas (61,9 toneladas); e as de nióbio cresceram 5,5%, com receita de US$ 2,4 bilhões. A China foi o principal destino das exportações minerais e foram destinadas 69,7% das exportações em toneladas.
Segundo o diretor-presidente da entidade, Raul Jungmann, o crescimento foi impulsionado pela valorização do dólar e também pelo faturamento com o minério de ferro. “O salto ocorreu mesmo em um cenário onde o preço da tonelada no mercado internacional caiu 9%. Tivemos um aumento em termos de produção do minério ferro e, por conta disso, obtivemos também uma expansão em termos de receita”.
Conforme o Governo de Minas, de 2019 a 2025, a mineração conseguiu um montante de R$ 113,3 bilhões de investimentos no Estado, gerando mais de 46 mil empregos. Já os minerais críticos foram cerca de R$ 10,4 bilhões e 5,1 mil postos de trabalho criados.