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Tiradentes recebe iniciativa de combate à desnutrição infantil

Projeto implantou hortas nas propriedades da comunidade – Foto: Divulgação

Famílias da cidade de Tiradentes, região Central do Estado, estão sendo beneficiadas por uma iniciativa de combate à desnutrição infantil. Através do projeto Casa Nutri de Recuperação e Educação Nutricional, que conta com a participação da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), foram implantadas hortas nas propriedades das famílias, com o intuito de estimular uma alimentação mais saudável.

Além das hortas, essas pessoas também recebem doações de ovos caipiras e medicamentos. Ao longo de dois anos de projeto, foram realizadas mais de 400 avaliações infantis, em torno de 40 famílias acolhidas, e atualmente, são 20 crianças em acompanhamento. De acordo com os organizadores, no futuro, elas também receberão mudas de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCS) por meio de parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).

Conforme o estudo técnico da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan), “Mapeamento da Insegurança Alimentar e Nutricional com foco na Desnutrição a partir da análise do Cadastro Único” do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), Tiradentes estava classificado como alta vulnerabilidade em desnutrição infantil, por apresentar médias de déficit de peso para a idade (10,4%) e déficit de estatura (20,3%) entre as crianças de 0 a 5 anos, superiores às médias nacionais.

A nutricionista e coordenadora da Casa Nutri, Kellen Alessandra, explica que durante o primeiro ano pandêmico, comparativamente ao ano anterior de 2019, esse indicador de déficit de estatura para a idade, sanitariamente entendido como desnutrição crônica, aumentou 16% no período estudado. “Chegando a 27,41% das crianças de 0 a 5 anos, bem mais que o dobro da taxa nacional e cerca de 10 vezes acima da meta global para a erradicação da desnutrição crônica infantil, que é de 2 a 3%”.

“Para mudar essa realidade, por meio do Instituto Tragaluz, foi iniciado esse trabalho com foco na primeira infância. A iniciativa é sustentada por uma rede multidisciplinar de profissionais e acadêmicos treinados, incluindo médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e outros especialistas”, acrescenta.

Execução

Alessandra pontua que semanalmente, uma nutricionista acompanha as crianças com visitas domiciliares e monitora o fornecimento de aporte proteico. “Uma vez por mês, é avaliado o estado nutricional. São realizadas também consultas interdisciplinares periódicas para fazer frente às consequências que a desnutrição pode causar, além de impactos no desenvolvimento”.

“O projeto se integra à Estratégia de Saúde da Família (ESF), com atendimento ambulatorial realizado no centro de saúde local do Sistema Único de Saúde (SUS). Outros parceiros, como a Emater, desempenham um papel estratégico no apoio às famílias atendidas”, afirma.

Segundo o técnico da Emater, Carlos Alberto da Trindade, a parceria com a entidade é fundamental já que a empresa fornece assistência técnica às famílias. “Elas são orientadas sobre a implantação das hortas e a importância de se consumir alimentos mais nutritivos. E realizamos visitas frequentes às propriedades para garantir que estão sendo seguidos os procedimentos corretos de manutenção do plantio”.

Viviane Trindade, mãe de duas filhas, destaca o impacto positivo da iniciativa. “É muito prazeroso acompanhar o crescimento das verduras. O projeto me ajudou muito no desenvolvimento da Sophia, minha filha. Ela ama ver o progresso de cada uma das hortaliças. Hoje, ela se alimenta bem melhor”.

Como participar?

O programa utiliza a estrutura operacional da ESF do município, ressalta a coordenadora. “Os profissionais realizam visitas domiciliares programadas, mutirões para triagem e avaliações através do Sisvan. São preenchidos formulários específicos, observando alguns critérios de inclusão”.

“Por exemplo, crianças desnutridas leves, moderadas e graves na faixa etária de 0 a 5 anos de idade e medidas padronizadas nas curvas de crescimento da Organização Mundial de Saúde (OMS). Além disso, é levado em consideração, os critérios socioeconômicos, de vulnerabilidade social e o grau de interesse e disposição das famílias em participar ativamente das atividades do projeto”, finaliza.