O mineiro e ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli, foi novamente indicado para concorrer ao Nobel da Paz. O responsável pelo feito foi Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getulio Vargas (FGV). A nomeação ocorreu no dia 30 de janeiro e protocolada no Comitê Norueguês do Nobel (The Norwegian Nobel Committee) pelo diretor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), Durval Dourado Neto.
Para concretizar a indicação foram reunidas 183 cartas de apoio de organizações representando 78 países. Mais de 50% desse apoio veio de instituições ligadas a ciência, pesquisa e desenvolvimento, educação e cooperação internacional. A indicação foi assentada em um dossiê reunindo documento técnico e cartas de apoio, totalizando 463 páginas.
“Ter sido indicado é uma honra muito grande para mim, mas eu não fiz nada sozinho. Preciso reconhecer que esse prêmio quem merece é o Brasil, por meio dos seus pesquisadores, extensionistas, produtores e técnicos que nos ajudaram a criar as políticas públicas. Além do governo, a iniciativa privada também foi muito importante”, destaca Paolinelli.
Nascido em Bambuí (MG), Paolinelli foi titular do Ministério da Agricultura de 1974 a 1979, durante o governo do presidente Ernesto Geisel. Ele foi o responsável por modernizar a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e pela chamada Revolução Verde, que fez do Brasil um dos maiores produtores mundiais de alimentos.
O ex-ministro teve um importante papel no desenvolvimento da agricultura. “Na década de 1970, o Brasil era marcado pela insegurança alimentar e obrigado a comprar lá fora um terço dos alimentos que a gente consumia. Atualmente, somos um grande provedor global, exportando para mais de 150 nações. Ou seja, o trabalho deu certo, sendo o único país que pode garantir a segurança alimentar para 2050, quando o mundo deverá ter cerca de 10 bilhões de habitantes”, afirma.
Ainda segundo ele, outro fator que aumentará a demanda por alimentos é o maior poder aquisitivo. “Nós temos que produzir mais do que o dobro da safra brasileira. A expectativa que o mundo tem é de que até 2050 nós estejamos produzindo no mínimo 620 a 630 milhões de toneladas. E sabem que somos capazes, pois dispomos de recursos naturais, desenvolvemos tecnologia e temos produtores para fazer isso”.
Aos 85 anos, Paolinelli continua trabalhando pela segurança alimentar no Brasil e em outras áreas tropicais da América do Sul e da África. Ele criou e preside o Instituto Fórum do Futuro, entidade que conduz um trabalho inovador por meio do Projeto Biomas Tropicais.
O projeto desenvolve novos meios para a evolução da agricultura nas regiões dos seis biomas brasileiros, em particular na Amazônia. O trato conta com o apoio de universidades e cientistas e está alinhado com as soluções das questões das mudanças climáticas, da insegurança alimentar acentuada pela pandemia em todo o mundo e da exigência social crescente por sustentabilidade.
Em 2021, o ex-ministro também concorreu ao prêmio. Na ocasião, os vencedores foram dois jornalistas: a filipina Maria Ressa e o russo Dmitry Muratov, por seus esforços para defender a liberdade de expressão. O vencedor será anunciado em 8 de outubro e a solenidade de premiação ocorrerá em dezembro.