
Consolidada como um evento singular no cenário audiovisual brasileiro e internacional, a Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP) completa 20 anos em 2025. Com o tema central “Preservação: A alma do cinema brasileiro”, a edição comemorativa propõe um olhar para o futuro sem abrir mão da memória.
Com uma programação intensa e gratuita, a edição pretende atrair mais de 20 mil pessoas em suas exibições de filmes, debates, oficinas, encontros da preservação e da educação, rodas de conversa, exposição e diversas atrações culturais. Durante seis dias, entre 25 e 30 de junho, Ouro Preto se transforma na capital do cinema brasileiro.
A diretora-geral da CineOP, Raquel Hallak, revela que chegar a 20ª edição do evento é motivo de celebração, de grande orgulho e emoção. “É a consolidação de um projeto singular que nasceu com o propósito de tratar o cinema como patrimônio e valorizar o cinema brasileiro em sua dimensão histórica, educativa e de preservação. Representa também a relevância e a continuidade de um espaço que se tornou referência nacional e internacional no debate sobre a preservação audiovisual em conexão com a educação”.
“Ao longo de duas décadas, os desafios foram muitos e variados. Manter a CineOP como um evento independente, gratuito, contínuo e de qualidade em um país marcado por instabilidades econômicas e políticas foi – e continua sendo – um grande exercício de resiliência e compromisso com a cultura brasileira”, acrescenta.
Raquel explica ainda que a escolha do tema reafirma o compromisso central da CineOP com a salvaguarda da memória audiovisual. “Como um ato essencial para a cultura e para a construção da identidade nacional. Sem preservação, não há história e sem história, não há futuro possível para o cinema”.
Programação
Ao longo de seis dias, o público poderá assistir a 144 filmes (30 longas, 1 média e 116 curtas-metragens), produzidos em 10 estados brasileiros e cinco países. As exibições estão organizadas em 12 mostras: Histórica, Competitiva, Contemporânea Longas e Curtas, Educação, Valores, TV UFOP, Preservação, Mostrinha, Cine-Escola, Cine Concerto e Itaú Cultural Play.
A Praça Tiradentes será palco do Cine-Praça, com capacidade para 500 pessoas. Também terá o Cine-Teatro, instalado no auditório do Centro de Convenções, que contará com uma plateia de 510 lugares. Além do Cine-Museu, novidade nesta edição, que ocupará o Anexo do Museu da Inconfidência. Com capacidade para 90 lugares, o espaço será responsável por abrigar uma programação especial.
Mais de 400 convidados são esperados para a 20ª edição da CineOP, entre cineastas, pesquisadores, arquivistas, professores, estudantes, gestores culturais e representantes de redes e instituições de todo o Brasil e do exterior. A programação será divulgada no site oficial: cineop.com.br.
Homenagem
A temática histórica dessa edição propõe uma reflexão sobre o papel do humor no cinema, com foco na atuação das mulheres, tanto na frente quanto nos bastidores das produções audiovisuais. Assim, a edição homenageia a atriz Marisa Orth como um dos principais talentos do humor e das artes cênicas no país.
Com carreira que transita entre o cômico e o dramático, a televisão e o teatro, o popular e o cult, ela se consolidou como figura multifacetada e autêntica. Sua mais icônica personagem, Magda Antibes, da sitcom “Sai de Baixo”, é lembrada ainda hoje pela crítica irônica aos lugares-comuns da representação feminina, trazendo à tona questões profundas e sempre bem-humoradas sobre o tema. Além de séries e novelas, Marisa também participou de filmes e musicais.
Para o curador Cléber Eduardo, Marisa Orth é uma artista que sintetiza a elasticidade do humor e a força criativa das mulheres no audiovisual brasileiro. “O humor das mulheres no cinema brasileiro é uma expressão de resistência e de criatividade que desafia estereótipos de gênero e cria novas formas de representação”.
Já a diretora destaca que a atriz é uma artista completa. “Com trajetória marcante no teatro, na televisão e no cinema. Seu trabalho no humor brasileiro é ímpar, e sua presença na cultura nacional é símbolo de talento, ousadia e empatia com o público. A escolha de homenageá-la dialoga com o recorte da mostra histórica deste ano e celebra sua contribuição ao cinema com leveza e profundidade”.