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Galeria do Minas II recebe exposição de fotografias sob o olhar daltônico

Você já imaginou como seria apreciar uma paisagem e não conseguir distinguir as cores? Pode até parecer um pouco estranho, mas é assim que um daltônico enxerga. E como forma de lançar um novo olhar diante de um mundo colorido, a Galeria de Arte do Minas II recebe a exposição de fotografias “Lumbra: um fotógrafo daltônico no urbano”, do publicitário Guilherme Mário. São 14 fotografias em preto e branco, selecionadas entre 355 imagens feitas nas ruas de Belo Horizonte e região metropolitana.

De acordo com Guilherme, o objetivo da exposição é apresentar um conhecimento a mais sobre o daltonismo. “Ele não impede de a pessoa trabalhar com imagens ou audiovisual. É importante lembrar que a arte não é apenas cores. A fotografia em escala de cinza consegue chamar muito mais atenção e traz um pouco mais de drama e sensibilidade”, explica.

Ele diz que o preto e branco são as únicas cores que qualquer pessoa consegue enxergar, daltônica ou não, o que também serve para focar a atenção em outros elementos da imagem ao subtrair o uso das cores. O fotógrafo também busca fazer uma reflexão e vencer o preconceito. “Talvez existam pessoas que deixam de seguir seus sonhos de investir na área audiovisual por medo de não conseguir executar seu trabalho por conta do daltonismo”.

O título “Lumbra” é a junção das palavras “Luz” e “Sombra”, umas das técnicas utilizadas na produção das fotografias. Guilherme conta que a exposição é fruto de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). “Eu já trabalhava com figuras há algum tempo e decidi agregar o tema daltonismo nas minhas imagens de uma forma mais ampla. É um estilo que gosto e que não é muito usado”.

Nas fotos estão cenários que fazem parte do cotidiano dos belo-horizontinos e moradores da região metropolitana, como o Edifício Acaiaca, entre a Avenida Afonso Pena e a Rua Espírito Santo, as chaminés do Itaú Power Shopping e o viaduto Santa Tereza, um dos símbolos da capital mineira. Também é possível ver a Praça da Liberdade, Praça Sete, Avenida Afonso Pena, o estádio Mineirão, entre outros.
O fotógrafo revela que entre tantas fotografias, existem duas especiais e que são as suas favoritas. “Tem uma de um rapaz atravessando a calçada próximo a Avenida Andradas e foi tirada de cima do viaduto Santa Tereza. A outra é denominada labirinto urbano e foi clicada no vão do Edifício Joaquim de Paula. Quando visitei o prédio e vi a estrutura cheia de curvas pensei que daria uma bela imagem. Quis mostrar que qualquer coisa pode virar arte. Todos que observam não conseguem identificar a paisagem de primeira, porque as pessoas não prestam muita atenção”.

O fotógrafo
Guilherme Mário é daltônico, publicitário e fotógrafo profissional há 3 anos. No entanto, sua paixão pela fotografia começou quando tinha seus 8 anos. “Minha mãe me deu uma câmera analógica e já brincava de fazer algumas imagens. Na época, não tinha nenhuma noção de enquadramento ou exposição”. Natural de Curvelo, uma cidade do interior de Minas Gerais, se mudou para Belo Horizonte em 2015.

Além das fotos em preto e branco, ele também trabalha com imagens coloridas e faz cobertura de eventos, books, entre outros. “É um pouco mais complicado e leva mais tempo, porque que não consigo enxergar as cores. Os programas possuem uma ferramenta que aparece o nome da cor que estamos usando. Faço a edição e quando tudo está pronto peço auxílio de um amigo para ver se está certo”.