
A bronquiolite é uma infecção respiratória comum, principalmente entre bebês, caracterizada pela inflamação dos bronquíolos, pequenas vias aéreas dos pulmões. É mais prevalente nos meses mais frios e pode causar dificuldades respiratórias significativas nos primeiros dois anos de vida.
Na maioria das vezes, a doença é causada pelo vírus sincicial respiratório (VSR), que é o responsável por cerca de 80% dos casos de bronquiolite no Brasil, segundo dados da Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Outros vírus, como o adenovírus, rinovírus e coronavírus, também podem ser agentes etiológicos, mas em menor escala.
“A infecção começa nas vias aéreas superiores, com sintomas que lembram um resfriado comum, mas rapidamente avança para os pulmões, comprometendo a respiração da criança. A inflamação e o estreitamento das vias aéreas dificultam a passagem de ar, o que pode levar a um quadro de insuficiência respiratória”, explica a pneumologista Sônia Andrade.
“Os principais sintomas incluem coriza, tosse seca ou produtiva, dificuldade para respirar, com respiração rápida e ruidosa, chiado no peito, febre (frequentemente baixa), fadiga excessiva, dificuldade para se alimentar e cianose, que é a coloração azulada da pele, especialmente em torno dos lábios, devido à falta de oxigenação adequada”, acrescenta.
O pediatra João Cardoso diz que o diagnóstico da bronquiolite é geralmente clínico, baseado na observação dos sintomas e na avaliação do histórico da criança. “O médico realizará uma série de perguntas sobre os sinais apresentados e a evolução da doença. Para confirmar o diagnóstico e determinar a gravidade da infecção, exames complementares podem ser realizados, como a radiografia de tórax e o teste viral”.
Ele ressalta que o diagnóstico precoce é fundamental para o início de um tratamento adequado e para evitar complicações respiratórias que podem ser fatais, principalmente em bebês com menos de 6 meses. “O foco do tratamento é aliviar os sintomas e apoiar a respiração da criança. Entre as abordagens comuns estão a hidratação constante, oferecer líquidos para evitar a desidratação, especialmente se a criança estiver com dificuldades para se alimentar”.
“O monitoramento respiratório para acompanhar atentamente a respiração e os níveis de oxigênio do paciente, pois, em determinadas situações, pode ser necessário administrar oxigênio adicional para garantir a oxigenação adequada e o uso de broncodilatadores (medicações que ajudam a abrir as vias respiratórias nos pulmões), quando o paciente apresenta chiados evidentes, o médico pode optar por prescrever broncodilatadores para facilitar a respiração, especialmente em casos de bronquiolite”, completa Cardoso.
De acordo com Sônia, algumas medidas preventivas que podem ajudar a reduzir o risco de infecção, especialmente em bebês e crianças mais vulneráveis, como manter uma boa higiene das mãos, evitar aglomerações, amamentação com o leite materno para manter o sistema imunológico do bebê forte e evitar contato com pessoas doentes com sintomas respiratórios”.
Prevenir complicações
O Ministério da Saúde vai incorporar ao Sistema Único de Saúde (SUS) duas tecnologias para prevenir complicações causadas pelo vírus sincicial respiratório. O anticorpo monoclonal nirsevimabe é indicado para proteger bebês prematuros e crianças de até 2 anos de idade nascidas com comorbidades, e a vacina recombinante contra os vírus sinciciais respiratórios A e B é aplicada em gestantes para proteger o bebê ao longo dos primeiros meses de vida.