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Indústria mineira começa o ano com redução na produção e no emprego

Desempenho foi inferior ao registrado em 2024 – Foto: José Paulo Lacerda/Agência CNI

De acordo com a Sondagem Industrial de janeiro de 2025, realizada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), o setor industrial registrou retração na atividade fabril. O índice de evolução da produção marcou 46,6 pontos, mantendo-se abaixo da linha dos 50 pontos pelo terceiro mês consecutivo. Apesar da melhora em relação a dezembro (40,9 pontos), o desempenho foi inferior ao registrado no mesmo período de 2024 (47,3 pontos).

O emprego na indústria mineira também apresentou recuo. O índice que mede a evolução do número de empregados ficou em 48,3 pontos, caracterizando a segunda queda seguida. O indicador caiu 0,9 ponto frente a dezembro e 2,3 pontos em comparação a janeiro do ano anterior, reforçando o cenário de desaquecimento.

Segundo a instituição, mesmo diante de um começo de ano difícil, o setor industrial mantém perspectivas de melhora, aguardando sinais mais concretos de recuperação econômica e aquecimento da demanda ao longo de 2025. “Apesar dos desafios, as expectativas para os próximos seis meses são positivas. Os industriais preveem crescimento da demanda, aumento da compra de matérias-primas e recuperação do emprego”.

O economista e especialista em finanças públicas, Gustavo Aguiar, explica que o principal fator que gerou o desaquecimento da economia das indústrias mineiras foi o crescimento da taxa básica de juros. “A Selic saiu de 10,5% para 13,25%, impactando diretamente no consumo das famílias, ou seja, gerando menos demanda e consequentemente, menos produção nas indústrias. E também reduziu o crédito disponível e gerou incerteza dos investidores que acabaram segurando os investimentos”.

“A situação econômica, tanto nacional quanto internacional, gera efeitos na indústria de várias formas. A principal é a política monetária que o Banco Central teve que adotar, a partir do segundo trimestre de 2024, devido a uma inflação resistente. Isso provocou a elevação de uma taxa de juros, que já é muito alta no país. Além disso, temos também a desvalorização do real perante ao dólar, que está atrelada a esse cenário inflacionário, que impacta a indústria mineira”, acrescenta.

O economista afirma que embora a política monetária do governo esteja agindo para reduzir a demanda e a produção, o setor ainda mantém o otimismo. “Mas, tem que ser feita uma nova avaliação para ver se a política monetária, que provavelmente terá um novo aumento de juros, irá afetar ainda mais esse setor da economia”.

Para Aguiar, mesmo com alta taxa de juros impactando toda a indústria brasileira, a queda da produção e do emprego não atingiu todos os setores. “Foram alguns segmentos específicos, porque nós tivemos, por exemplo, a produção de aço bruto que avançou 9,3% em janeiro em Minas Gerais. Também tivemos crescimento de empregos na indústria da construção civil. O automobilístico bateu recorde de vendas em janeiro e os índices de consumo apresentaram uma alta demanda para a aquisição de veículos no ano de 2025”.

Nacional

Já os dados nacionais, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o índice ficou em 48,9 pontos, também abaixo da linha de 50 pontos. O levantamento mostra que a produção diminuiu nas pequenas e médias empresas, mas cresceu entre as grandes. No recorte por região, o indicador revelou queda da produção nas indústrias do Centro-Oeste, Norte e Sudeste. No Nordeste e no Sul, a produção cresceu.

“Normalmente, a produção acelera no fim do terceiro trimestre para atender as festas de fim de ano. Após isso, é normal que a produção caia, mas é importante perceber que, em 2025, ela foi mais branda que em outros períodos semelhantes”, compara Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI.

O emprego industrial ficou praticamente estável no primeiro mês de 2025. Em janeiro, o índice de evolução do número de empregados ficou em 49,6 pontos. Assim como a produção, o emprego avançou nas grandes indústrias, mas recuou nas pequenas e médias. A quantidade de trabalhadores nas indústrias do Centro-Oeste e do Sul aumentou, mas caiu no Nordeste, no Norte e no Sudeste.