Segundo a Pesquisa CNT de Rodovias 2024, Minas Gerais é o Estado que apresenta mais rodovias entre situações regulares e péssimas na região Sudeste. Foram 15.589 vias analisadas, sendo 444 ótimas, 3.211 boas, 6.255 regulares, 4.458 ruins e 1.345 péssimas. Para fazer um comparativo, em São Paulo, por exemplo, foram avaliadas 10.760, sendo 4.366 ótimas, 3.746 boas, 2.458 regulares, 190 ruins e nenhuma péssima.
A professora de logística do Uniarnaldo Centro Universitário, Aline Guedes, pontua que existem vários fatores que corroboram para essa situação. “Um dos pontos é a nossa extensão territorial, que tem a maior malha viária de rodovia estadual, com 270 mil quilômetros. Isso provoca uma dificuldade e um projeto mais desafiador e custoso para gerenciar”.
“Mas, também tem fatores econômicos. O orçamento é insuficiente, apesar da relevância econômica do Estado, o mesmo tem dificuldade fiscal há muito tempo, que limita o investimento em infraestrutura. Além de ter uma tipografia muito acidentada. A geografia de Minas Gerais tem muitas serras, morros e áreas de difícil acesso, o que aumenta o custo e a complexidade das obras e manutenção dessas rodovias, dentre outros pontos”, explica.
Nos dados nacionais, as vias foram classificadas, no seu estado geral, como ótimo (7,5%); bom (25,5%); regular (40,4%); ruim (20,8%) e péssimo (5,8%). Conforme a Confederação Nacional do Transporte (CNT), os índices indicam uma pequena melhora na qualidade geral, demonstrando que o aumento de investimentos começa a apresentar resultados.
As rodovias públicas foram classificadas como ótimo (2,7%); bom (20,0%); regular (43,7%); ruim (25,9%) ou péssimo (7,7%) em sua extensão. Já as rodovias concedidas à iniciativa privada foram classificadas como ótimo (21,4%); bom (41,7%); regular (30,8%); ruim (5,7%) ou péssimo (0,4%).
Os dados são muito preocupantes, reforça Aline. “Pois, essa situação tende a afetar negativamente vários aspectos, como o econômico, o ambiental, a segurança, entre outros. No econômico, a má conservação das rodovias faz com que o custo operacional no transporte rodoviário de carga aumente”.
“Já no ambiental, a má conservação causa a depreciação dos caminhões e mais gasto de combustível. Em 2013, de acordo com o governo federal, quase 1,2 bilhões de litros de diesel foram consumidos, sendo que 3,1 milhões de toneladas de gases poluentes foram emitidos na atmosfera. Sem falar da falta de segurança, como erosões, óleo na pista, acidentes e má sinalização, o que compromete a proteção dos usuários”, acrescenta.
Pontos críticos
Houve, em relação à edição anterior, uma diminuição de 7,6% dos pontos críticos, passando de 2.648 ocorrências, em 2023, para 2.446 em 2024. Os dados mostram também uma redução do número de erosões na pista, de buracos grandes e de quedas de barreiras. Ao comparar os resultados, segundo a jurisdição e a gestão, verificou-se que a redução mais expressiva se deu nas rodovias federais sob gestão pública (-17,4%).
Investimento
A partir dos dados levantados na pesquisa, a Confederação estima que o investimento necessário para a reconstrução, restauração e manutenção do pavimento corresponde a R$ 99,7 bilhões. “Continuaremos a acompanhar de perto as transformações no setor, fortalecendo a agenda de investimentos e colaborando com os setores público e privado”, afirma o presidente da CNT, Vander Costa.
Aline observa que há uma tendência de melhora nas condições das rodovias brasileiras em curto e médio prazo, que foi impulsionada por iniciativas recentes do governo. “Em novembro, foi lançado o Programa de Otimização de Contratos de Concessões Rodoviárias, que tem o propósito de prever um investimento de R$ 110 bilhões em logística entre 2024 e 2026. O objetivo é aprimorar os contratos de concessão com desempenhos insatisfatórios”.
“Esse programa demonstra um compromisso significativo com a melhoria da infraestrutura rodoviária. O que devemos ressaltar é que, em condições mais adequadas para o transporte e a mobilidade no Brasil, essa é uma boa ação. É importante considerar que a efetividade dessas iniciativas depende de uma execução eficiente dos projetos”, finaliza a docente.