Em 2024, os brasileiros têm mostrado um crescente interesse por cultura, seja em forma de cinema, música, teatro, literatura ou arte visual, conforme revela a pesquisa Hábitos Culturais, realizada pela Fundação Itaú em parceria com o Instituto Datafolha. O relatório mostra que 97% das pessoas entrevistadas afirmam que realizaram alguma atividade cultural nos últimos 12 meses, sendo 85% presencialmente e 89% em casa ou on-line. Já 61% dizem participar ao menos uma vez no mês de forma presencial.
Nos últimos 12 meses, a principal atividade preferida pelo público foi ouvir música on-line, com 83% de adesão dos entrevistados. Em segundo lugar, ficou o consumo de filmes em plataformas de streaming, com 73% das respostas, seguido pelo hábito de assistir séries também pela internet, mencionado por 69% dos participantes. Em quinto e sexto lugares, surgem mais duas atividades populares mediadas por telas e serviços de streaming: 56% dos respondentes assistiram a novelas e 52% ouviram podcasts.
O produtor cultural Rafael Lacerda diz que o consumo de cultura por meio de plataformas on-line cresceu de forma significativa, impulsionado pela praticidade e pelo acesso facilitado a uma vasta gama de conteúdos. “Filmes, séries, músicas e livros digitais se tornaram opções de entretenimento cada vez mais populares entre os brasileiros, que passaram a utilizar serviços de streaming para consumir produções culturais. Esse aumento pode ser atribuído à flexibilidade e variedade oferecida pelas plataformas, que permitem o consumo de vários conteúdos no tempo e lugar desejados”.
As atividades ao ar livre, realizadas presencialmente, ficaram em quarto lugar nas preferências do público, com 66% de adesão entre os entrevistados. A leitura de livros físicos ocupou a sétima posição, com 52%, seguida por shows musicais (44%) e festas populares e folclóricas (42%). A prática de ir ao cinema foi citada por 38% dos entrevistados, enquanto 36% mencionaram o consumo de e-books ou livros digitais. Atividades voltadas para o público infantil foram apontadas por 35% das pessoas, seguidas por apresentações de dança (30%) e por exposições e visitas a centros culturais, com 25% de adesão.
Outro ponto relevante é o crescimento na frequência de visitas a bibliotecas, mencionada por 21% dos entrevistados, seguido por espetáculos de teatro e circo, com 19%. As visitas a museus ficaram com 16%, enquanto festivais literários e musicais foram indicados por 12% e 11%, respectivamente. Além disso, saraus literários foram citados por 8% dos participantes.
A retomada de eventos culturais ao vivo, como festivais e apresentações, refletiu uma busca por experiências imersivas e coletivas, avalia Lacerda. “O aumento de público em exposições de arte e festivais de música também indicou uma renovação no interesse pela cultura local e regional. As pessoas estão redescobrindo os espaços culturais, como museus e centros culturais, como pontos de encontro e reflexão. Esse movimento reflete uma recuperação do setor cultural, que tem se fortalecido como um pilar importante na vida social e econômica do país”.
A estudante de cinema, Letícia Coelho conta que nos últimos meses, começou a se envolver mais com atividades culturais e a diferença tem sido incrível. “Eu só assistia a filmes e séries, mas agora estou explorando teatro, exposições de arte e até lendo mais livros de autores brasileiros. Cada nova experiência tem me chamado atenção para outras realidades e formas de expressão. O que mais me surpreende é como essas atividades me ajudam a entender melhor o mundo e a me conectar com outras pessoas. Sinto que minha visão de arte e cultura tem se expandido, e estou adorando essa jornada”.
Lacerda explica que em um contexto social e político complexo, a cultura se apresenta como um espaço de reflexão e resistência, promovendo diálogos importantes sobre identidade, diversidade e as questões sociais do país. “O movimento de valorização das produções culturais locais e independentes têm contribuído para um cenário onde a arte não só entretém, mas também educa e engaja socialmente. Esse fenômeno é visível em diversos setores, como a moda, as artes plásticas e as produções audiovisuais”.