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Vagas de emprego no setor industrial crescem 82% no acumulado do ano

Foram mais de 343 mil novos postos de trabalho / José Paulo Lacerda-CNI

 

Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o setor industrial registrou um crescimento de 82,5% no número de empregos no acumulado do ano, se comparado com o mesmo período de 2023. Foram 343.924 novos postos de trabalho no período. Desse total, 71% das vagas foram ocupadas por jovens entre 18 e 29 anos.

O Nordeste foi a região que mais se destacou, com um saldo positivo de 21.706 empregos. Em seguida, vêm o Sudeste (20.026), Sul (4.996), Centro-Oeste (2.565) e Norte (2.342). Entre os estados, São Paulo (9.469) liderou a criação de vagas, seguido por Minas Gerais (6.689), Pernambuco (6.498) e Alagoas (4.166).

O economista Wagner Cardoso afirma que esse aumento pode ser atribuído a diversos fatores. “Como a retomada da economia global pós-pandemia, a recuperação da demanda por bens de consumo duráveis, e o fortalecimento de setores estratégicos, como a construção civil e a indústria de base”.

“Além disso, o Brasil está atraindo novos investimentos estrangeiros, o que impulsiona o crescimento do parque industrial. Políticas de incentivo fiscal, como a redução de impostos e desoneração da folha de pagamento, têm papel fundamental no estímulo à geração de empregos. E a adoção de tecnologias mais avançadas, como a Indústria 4.0, também tem gerado demanda por novas contratações, especialmente em áreas tecnológicas”, acrescenta.

Ainda na avaliação de Cardoso, a continuidade desse crescimento até 2025 depende de diversos fatores externos e internos. “No âmbito global, a recuperação das cadeias de suprimento e a estabilização dos mercados internacionais serão cruciais para a continuidade desse ciclo de desenvolvimento. Internamente, o controle da inflação, a reforma tributária e a política de juros são elementos essenciais para o fortalecimento da indústria nacional. Entretanto, há riscos que podem impactar negativamente, como crises políticas, mudanças abruptas nas políticas econômicas, e instabilidades no comércio internacional”.

 

Produção

A produção industrial apresentou variação positiva de 0,1%, na passagem de julho para agosto, conforme a Pesquisa Industrial Mensal (PIM Brasil). A ligeira recuperação ocorre após queda de 1,4% no mês anterior. Comparado com agosto de 2023, o setor industrial tem crescimento de 2,2%, o terceiro seguido no campo positivo para essa comparação. Em 2024, a trajetória acumulada nos oito primeiros meses do ano é de 3%.

Entre as atividades, a influência positiva mais importante veio das indústrias extrativas, alta de 1,1%, após recuar 2,2% em julho, quando interrompeu dois meses consecutivos de expansão na produção, período em que acumulou ganho de 5,8%. No campo negativo, veículos automotores, reboques e carrocerias teve queda de 4,3%; produtos diversos, -16,7%; e impressão e reprodução de gravações, -25,1%, exerceram os principais impactos negativos na média da indústria.

André Macedo, gerente da PIM Brasil, ressalta que permanece um perfil disseminado de taxas positivas nesse indicador, uma vez que as quatro grandes categorias econômicas e 18 das 25 atividades industriais pesquisadas mostraram crescimento na produção. “Também vale destacar que no ano de 2024, o setor industrial mostra um patamar de produção superior ao verificado no ano passado, com o total da indústria avançando 3% no índice acumulado até agosto de 2024 e com predominância de resultados positivos entre as categorias econômicas e ramos industriais”.

Cardoso pontua que essa variação positiva no índice deve ser celebrada, embora moderadamente. “Em um contexto global de incertezas e desafios econômicos, a recuperação, mesmo que modesta, indica que o setor está reagindo positivamente às adversidades. O crescimento anual de 2,2%, quando comparado ao mesmo período de 2023, também é um dado encorajador”.

“Esse resultado demonstra que as indústrias estão conseguindo adaptar suas estratégias de produção, investindo em tecnologias que aumentam a eficiência. Essa leve melhora pode ser um indicativo de um caminho de recuperação sustentável, à medida que as indústrias continuem ajustando suas operações a novos patamares de demanda”, finaliza.