A mostra “Pancetti na Casa Fiat de Cultura: o mar quando quebra na praia…” está em cartaz desde o dia 3 de setembro e ficará disponível ao público até o dia 17 de novembro. A primeira exposição do artista em Belo Horizonte apresenta um conjunto de 46 pinturas de marinhas, paisagens, retratos e naturezas-mortas realizadas entre 1936 e 1956, algumas delas nunca antes exibidas para o público, além de uma cronologia ilustrada e uma instalação imersiva, que reúne músicas de Dorival Caymmi, imagens e sons do mar. A exposição tem curadoria de Denise Mattar e mostra os mistérios escondidos nas águas salgadas que atraem, há séculos, o olhar de exploradores, pesquisadores, estudiosos, e de artistas, como José Pancetti. Toda a programação da Casa Fiat de Cultura é gratuita.
Entre as obras, o público pode apreciar “Auto-vida” (1945), autorretrato emblemático de Pancetti, em que o artista mescla realidade, imaginação e ironia; “Retrato de Francisco” (1945), que mostra um menino negro tendo ao fundo a paisagem de um morro de São João del-Rei, cidade onde o artista viveu uma temporada; “O Chão” (1941), obra que deu ao artista o Prêmio de Viagem ao Exterior do Salão de Belas Artes; “Floresta, Campos do Jordão, SP” (1944), cidade onde o artista passou algumas temporadas para tratamentos de saúde e que é frequente em sua obra; entre outras.
As obras provêm de coleções privadas de instituições do Brasil: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu Nacional de Belas Artes, Museu de Arte Moderna de São Paulo e Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP).
As marinhas são a sua faceta mais conhecida, mas ele também pintava naturezas-mortas, paisagens e retratos, em obras singulares e muito poéticas. Para o presidente da Casa Fiat de Cultura, Massimo Cavallo, a paixão do pintor inspira a instituição a oferecer essa mostra. “A galeria da Casa Fiat de Cultura ganha a leveza, a profundidade e a brisa do mar que sempre estão presentes nas obras de Pancetti. Para sentir, basta contemplar”.
Filho de imigrantes italianos, José Pancetti foi pintor, escultor, desenhista e gravador. Também foi pintor de paredes e militar da Marinha Brasileira, ofício que influenciou fortemente a sua obra e a relação com o mar. Nasceu em Campinas (SP), mas logo cedo se mudou para São Paulo. Seu pai era pedreiro, mestre de obras e músico e a mãe era camponesa. Por causa das dificuldades financeiras, foi enviado à Itália, ainda jovem, onde ingressou na Marinha Mercante. A infância difícil e as privações da adolescência deixaram marcas profundas na personalidade e na saúde de Pancetti, assim, o ingresso na Marinha Brasileira foi um alívio para as suas atribulações.
O pintor teve seu talento descoberto na Marinha. Começou pintando um camarote e logo passou a pintar postais e tampas de caixas de charutos. A partir daí, seu interesse pela pintura se intensificou e chegou a estudar por um curto período no Núcleo Bernardelli (Rio de Janeiro), um ateliê livre que tinha orientadores em vez de professores.
A curadora da mostra, Denise Mattar, destaca que Pancetti sempre foi um pintor original e intensamente pessoal. “Seu temperamento solitário e a formação quase autodidata permitiram o surgimento de uma obra particular plena de lirismo, melancolia e poesia, uma obra que emociona. Sem estar preocupado com uma brasilidade teórica, Pancetti retratou amorosamente a nossa gente, a nossa luz e o nosso mar”.
A exposição oferece uma oportunidade imperdível de revisitar a obra de um dos grandes mestres da pintura brasileira, ao mesmo tempo em que convida todos a refletirem sobre as conexões entre arte, natureza e memória.
Serviço: “Pancetti na Casa Fiat de Cultura: o mar quando quebra na praia…”
Local: Praça da Liberdade, 10 – Bairro Funcionários – BH/MG
Horário: Terça a sexta-feira (10h às 21h) e sábado, domingo e feriado (10h às 18h)