Segundo uma pesquisa realizada com mais de 1,2 mil mulheres, sendo 900 delas mães com menos de 45 anos, no Hospital Orlando Health Winnie Palmer, na Flórida, Estados Unidos, detectou que cerca de 60% se sentem deprimidas e ansiosas nos primeiros três meses após o nascimento dos filhos, e o baby blues atingiu até 80% desse público. Um outro estudo realizado na Índia revelou que, das 64 puérperas participantes da análise, 94% tiveram essa condição emocional.
A médica psiquiatra Cintia Braga esclarece que o baby blues é uma condição emocional temporária que afeta muitas mulheres logo após o parto. “Caracterizada por labilidade afetiva (mudanças bruscas de humor – desde a irritabilidade até muita tristeza), choro fácil, alterações de sono e apetite. Além da ansiedade e sensação de sobrecarga”.
Ela diz que os indícios geralmente começam nos primeiros dias após o parto e podem durar semanas. “As principais causas estão relacionadas às mudanças hormonais bruscas, após esse período, e aos fatores emocionais e físicos associados à nova rotina, realidade e cuidados com o bebê”.
“O baby blues não é considerado uma doença, é uma resposta emocional comum após o parto. No entanto, se os sintomas se prolongarem ou se agravarem, pode ser um sinal de depressão pós-parto, que requer avaliação médica”, explica.
Cintia ressalta que a principal diferença entre eles é a intensidade e a duração dos sintomas. “O baby blues é transitório e geralmente não envolve disfuncionalidade, apesar dos sintomas, a paciente consegue cuidar do bebê, dos afazeres e de si mesma. Enquanto a depressão pós-parto é mais grave, persistente e pode interferir de forma significativa na capacidade da mãe de tomar conta de si e da criança”.
Cuidados
A psiquiatra destaca que os fatores de risco incluem primeira gravidez, histórico de distúrbios do humor, gestação não planejada e falta de suporte social. “Embora qualquer mulher possa desenvolver baby blues, aquelas com histórico de transtornos psiquiátricos, mães de primeira viagem ou que enfrentaram partos difíceis ou questões conjugais podem estar mais propensas”.
“Essa condição emocional normalmente não requer tratamento médico. O suporte da família e amigos, descanso adequado e uma boa rede de apoio são fundamentais. Se os sintomas persistirem, é importante procurar um psiquiatra. Não há uma forma garantida de prevenir o baby blues, mas uma boa estrutura emocional e preparação durante a gravidez podem ajudar a atenuar os sintomas. Além da manutenção dos cuidados pessoais com atenção redobrada à alimentação e horas de sono”, finaliza Cintia.
A condição
A consultora de imagem, Raíla Melo, 36 anos, conta que no momento que teve o baby blues, ela se sentia perdida, sem saber o que fazer. “Levei algum tempo para decidir ser mãe, porque queria estar pronta para me dedicar ao meu filho. Embora tivesse um desejo profundo, me sentia muito insegura quanto a essa decisão. No entanto, aos três meses de gestação, passei por um momento assustador: tive um sangramento, e isso me abalou profundamente”.
“Tive medo de perder o bebê e estava constantemente preocupada. Também não me sentia bem no meu próprio corpo e chorava todos os dias. Foi um período muito intenso para mim. Então, quando ele finalmente nasceu, foi como um alívio. Sempre fui uma mulher forte, com personalidade assertiva, mas durante o período do baby blues, eu estava desorientada. As constantes opiniões alheias só pioravam minha situação, foi realmente difícil”, acrescenta.
Raíla pontua que passou muito tempo se sentindo assim, mas agora, com oito meses de idade do filho, sente que finalmente está começando a superar essa fase. “Meu marido inicialmente não compreendeu o que eu estava passando, em parte por falta de conhecimento, o que realmente afetou nossa relação. No entanto, hoje sinto que nos tornamos uma equipe nos cuidados com o nosso filho, o que ajudou demais na minha melhora”.