Em meio à correria do dia a dia e às crescentes pressões no trabalho e na vida pessoal, o estresse se tornou uma das principais causas de problemas de saúde no país. Segundo uma pesquisa realizada pela International Stress Management Association (ISMA-BR), 72% dos brasileiros sofrem de estresse. A falta de controle do problema pode desencadear outras doenças.
A psicóloga Maria Klein explica que o estresse é uma resposta adaptativa do corpo humano a uma situação. “Na perspectiva biomédica, o estresse gera um conjunto de alterações físicas e químicas no organismo, desencadeadas pelo cérebro, para que a pessoa tenha mais ferramentas e aptidão para enfrentar essa nova situação, que exige adaptação”.
“Do ponto de vista biológico, o estresse existe para que possamos lidar com os desafios da vida. Agora, por exemplo, se pensarmos no nível neurológico, o estresse envolve até o hormônio cortisol que, quando produzido em excesso, sobrecarrega o cérebro e resulta em dificuldades de concentração”, complementa.
Ela lembra que a ansiedade eleva o estresse e a produção de cortisol no corpo. “Viver no Brasil é, na verdade, um grande laboratório de estresse, pois temos desigualdades sociais e econômicas, um alto nível de insegurança na população, além da questão da vulnerabilidade financeira e política do país”.
Consequências graves
Maria destaca que o estresse prolongado pode causar uma reprogramação no cérebro, tornando-o vulnerável a outras doenças, como a depressão e a ansiedade. “Nossa estrutura psíquica é porosa, por isso nossa troca com o mundo é tão importante e significativa. Nessa interação, nos contaminamos e somos contaminados. O indivíduo começa a perder forças de resiliência, entrando em um estado de derrota que interfere em sua capacidade de viver, dormir, se relacionar com o mundo e com as pessoas ao seu redor”.
Outra doença que pode estar relacionada ao estresse é a fibromialgia. “Estudos investigaram pacientes com fibromialgia que apresentavam alterações no sistema cardiovascular, semelhantes às dos pacientes com estresse. Pacientes com fibromialgia também mostraram alterações nos hormônios cortisol e noradrenalina, semelhantes às observadas no estresse. Ficou claro que o estresse, no mínimo, agrava os sintomas da fibromialgia e, para alguns pacientes, pode ser o gatilho para o desenvolvimento da doença”, explica o reumatologista José Eduardo Martinez.
Como prevenir?
Uma das melhores formas de prevenir o estresse, segundo Maria, é manter um lar saudável, não apenas fisicamente, mas também mentalmente. “Por exemplo, se a pessoa tem um gatilho, como medo de acidente de avião, e começa a pesquisar sobre o assunto nas redes sociais, o algoritmo passa a enviar todos os acidentes de avião que acontecem. Ela será bombardeada com um conteúdo extremamente nocivo. É necessário manter a guarda alta e evitar que isso aconteça”.
Outro ponto citado por ela é o autoconhecimento em situações de estresse. “Se você sentir que está em um dia ou momento de maior estresse, retire-se, vá a um banheiro, tranque-se, oxigene seu cérebro e corpo, respirando fundo. Se quiser, dê alguns pulos para liberar o cortisol. Evite cafeína e álcool nesses dias, e beba um chá de camomila. Você realmente precisa ser seu melhor amigo”, conclui.