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Congonhas implanta projeto que visa controlar os casos de dengue

Registros foram 90% menor do que a média das cidades vizinhas – Foto: Divulgação

Entre outubro e maio é o período com maior incidência de epidemias de dengue no Brasil. E o município de Congonhas, na região Central do Estado, antes uma das cidades mais impactadas pela doença, demonstrou resultados relevantes com a adoção de um novo modelo de combate ao mosquito, o “Aedes do Bem”.

Segundo as autoridades da cidade, a tecnologia do “Aedes do Bem” traz uma solução segura, eficaz e escalável que usa mosquitos machos autolimitantes que não picam para suprimir os transmissores de doenças. O projeto é desenvolvido pela multinacional inglesa de biotecnologia Oxitec em parceria com governos, universidades e fundações.

“O aumento médio no índice de casos de dengue entre as cidades da região foi de 2.978%, e embora Congonhas tenha registrado um crescimento de 299%, em termos de número de casos, foi 90% menor do que a média dos municípios vizinhos. Isso reflete o trabalho intenso que vem sendo realizado pela equipe de Controle de Vetores, incluindo a adoção de ferramentas inovadoras como o Aedes do Bem”, frisa o Secretário Municipal de Saúde de Congonhas, Allan Diego Falci.

Ele destaca também que desde julho de 2023, o município conta com mais de 4.500 Caixas do Bem instaladas em 1.520 pontos da zona urbana de Congonhas. “São abastecidas mensalmente com refis contendo milhares de ovos do ‘Aedes do Bem’ que, ao serem ativados com água, eclodem e se desenvolvem”.

“Após 10 a 14 dias, os machos adultos voam em busca de acasalamento com o mosquito do Aedes aegypti. Entre os descendentes desse cruzamento, as fêmeas, responsáveis pela transmissão de doenças, não chegam à fase adulta, reduzindo assim a população do vetor sem causar danos ao meio ambiente ou a outros insetos benéficos”, explica o secretário.

População de mosquitos

De acordo com as autoridades municipais, além de a intervenção ter prevenido o grande aumento nos casos de dengue, ela também suprimiu de forma eficaz a população de mosquitos Aedes aegypti. De janeiro a maio de 2024, a cidade registrou uma redução significativa no número da espécie, conforme medido pelo indicador de infestação vetorial, o Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa).

Conforme o indicador, os níveis satisfatórios de mosquitos variam de 0 a 0,9; o de média infestação de 1,0 a 3,9 e o de alto risco acima de 4,0. Em janeiro de 2024, Congonhas reportou um LIRAa médio de 1,8 ao Ministério da Saúde, com um em cada quatro estratos apresentando índice satisfatório e três em cada quatro, apresentando risco intermediário. Houve um progresso em relação ao ano anterior, quando a média foi de 2,8, incluindo três estratos em risco médio e um com alto risco de surto, acima de 4.

A diretora da Oxitec do Brasil, Natália Ferreira, diz que os resultados obtidos em Congonhas pela Secretaria Municipal de Saúde são um marco importante. “A redução a zero dos criadouros em meio a uma grande epidemia nacional de dengue demonstra o potencial da tecnologia para controlar a população de mosquitos de forma eficaz, segura e sustentável”.

“E isso é só o começo. Estamos trabalhando com diversas cidades do Brasil que estão em busca de soluções de controle de vetores altamente eficazes, sustentáveis e escaláveis, e estamos trabalhando o mais rápido possível para disponibilizar essa tecnologia ao maior número de comunidades”, enfatiza a diretora. O produto está disponível não apenas para o setor governamental, mas também para pessoas físicas e empresas em todo o país.

Dados

Foram notificados 1.655.644 casos prováveis de dengue no Estado, sendo 970.216 confirmados até junho. Houve 764 óbitos e outras 732 mortes estão em investigação, segundo a Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). Em relação à chikungunya, até o momento, foram notificados 143.995 casos prováveis, sendo 109.953 confirmados. Já o número de casos prováveis de zika chegou a 275 notificações com a confirmação de 38 casos (registrados pelos municípios no Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan).