No primeiro semestre deste ano, o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) liberou R$ 1,44 bilhão em créditos, volume 32% superior ao mesmo período do ano passado e o maior valor da história da instituição. Somente para os micro e pequenos empreendedores, foram R$ 219,4 milhões em financiamentos, um crescimento de 15% em relação a 2023. Para as prefeituras, os créditos subiram 76% entre janeiro e junho, chegando a R$ 206,4 milhões, o maior volume dos últimos dez anos para o período. O financiamento chegou a mais de 200 cidades.
De acordo com o BDMG, os créditos realizados estimularam empregos e movimentaram a economia mineira. No primeiro semestre, foram incentivados cerca de 34 mil empregos no Estado, além de cerca de R$ 2,5 bilhões em faturamento e R$ 52 milhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), conforme a matriz insumo-produto do banco.
O presidente do BDMG, Gabriel Viégas Neto, afirma que na prática, o crédito disponibilizado fomenta políticas públicas. “Também gera emprego, renda e oportunidades para transformar vidas em todas as regiões do Estado. Apenas nestes primeiros seis meses, os financiamentos realizados pelo banco chegaram a mais da metade das cidades mineiras”.
O economista e especialista em finanças públicas, Gustavo Aguiar, pontua que é de fundamental importância essa ampliação do crédito. “Inclusive, o banco cumpre um dos seus principais papéis que é estimular o desenvolvimento de Minas Gerais. Através desse aumento, o Estado financia com juros baixos, e taxas bem melhores do que as aplicadas no mercado, novos negócios e também as empresas que estão passando por momentos de necessidade”.
“Esse aumento do crédito estimula o setor do comércio e o industrial, por meio do crescimento da produção, de acordo com a demanda por insumos e equipamentos para mobilizar esses novos negócios. Então, gera de fato um círculo virtuoso para economia do Estado”, acrescenta.
Ele esclarece também o crescimento de 15% no financiamento para os micro e pequenos empreendedores. “Acredito que possam ter duas explicações cabíveis. A primeira é que por serem micro e pequenos empreendedores, muitas vezes, não têm um capital grande para investir no seu primeiro negócio ou ainda ampliá-lo. Geralmente, são pessoas físicas que estão se aventurando”.
“Outra possibilidade é que por serem pessoas inexperientes na administração do seu próprio negócio podem surgir dificuldades financeiras. Por não fazerem os cálculos corretos da margem de lucro ou a previsão de todas as despesas da empresa, podem trazer certas dificuldades e acabar endividando os pequenos empreendedores”, afirma o profissional.
Cuidados
Aguiar destaca que os impactos positivos do aumento desses créditos são vários, porém, existem também pontos negativos. “Um financiamento recorrente pode acabar endividando a empresa. Então, é preciso ter muita cautela na utilização desse meio, usar apenas de forma bastante estratégica e que não vire uma prática recorrente”.
“A empresa para buscar um crédito tem que fazer a análise correta do contrato que irá assinar, dos valores das parcelas e da taxa de juros que vai ser cobrado; ter certeza que é realmente a melhor opção para o negócio; e calcular se o parcelamento está adequado com o faturamento e com a margem de lucro para que esse financiamento seja de fato cumprido”, alerta.
Ainda na avaliação de Aguiar, outro ponto importante deve ser observado e merece atenção. “O crédito contratado pelo empreendedor tem que ser destinado exatamente para a sua finalidade. Por exemplo, se o financiamento foi adquirido para investir no capital de giro da empresa, tem que ser utilizado para esse fim. E não é indicado empregar esse artifício para custeio de custos fixos da empresa, como pagamento de folha ou despesas correntes do empreendimento”.