De janeiro a junho, 5.003 autuações foram anotadas por policiais e agentes de trânsito em Belo Horizonte. Por dia, são 27 motoristas flagrados sem o cinto de segurança na capital, uma média de pelo menos uma multa por hora. O número é praticamente o mesmo do ano passado (5.037). Em Minas Gerais foram 63.584 infrações no primeiro semestre de 2024. Os dados são da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag).
Estudos do Observatório Nacional de Segurança Viária mostraram que o uso do cinto reduz em quatro vezes o risco de o passageiro se ferir. E a chance de sobreviver em uma ocorrência grave é sete vezes maior.
Na avaliação do psicólogo especialista do trânsito, Manoel Lima, mesmo sendo uma prática amplamente divulgada e obrigatória por lei, muitos ainda negligenciam esse dispositivo crucial. “O cinto de segurança é o elemento mais básico e eficaz para a proteção dos ocupantes de um veículo em caso de acidente. Ele atua reduzindo drasticamente o risco de ejeção do passageiro, além de distribuir as forças de impacto sobre áreas mais fortes do corpo, como os ossos da bacia e do tórax. Acidentes que resultam em ferimentos graves ou fatais poderiam ser evitados se todos os ocupantes do carro estivessem corretamente protegidos”.
Ele relata que apesar dos esforços contínuos, ainda existem desafios a serem superados. “Algumas pessoas resistem ao uso do cinto de segurança por questões de conforto ou por considerarem que viagens curtas não apresentam riscos significativos. Mudar essa mentalidade requer uma abordagem multifacetada que inclua não apenas campanhas informativas, mas também o exemplo de figuras públicas e ações de responsabilidade social corporativa”.
Segundo Lima, a chave para aumentar a taxa de uso do cinto de segurança está na educação e na conscientização pública. “Campanhas de mídia, palestras em escolas e ações educativas nas comunidades são estratégias eficazes para disseminar a importância do cinto de segurança. É fundamental que desde cedo as crianças sejam ensinadas sobre a necessidade de usar o cinto em todos os trajetos de carro, criando hábitos que perdurem ao longo da vida. Já temos a campanha ‘Maio Amarelo’, mas o foco tem que ser o ano todo”.
“Além das iniciativas educativas, a legislação desempenha um papel crucial na promoção do uso do cinto de segurança. Aqui no Brasil, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o não uso do cinto é considerado infração grave, o que serve como um incentivo adicional para os motoristas e passageiros adotarem o hábito de maneira correta. O condutor flagrado leva cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e paga multa. No entanto, é essencial que as leis sejam acompanhadas de uma fiscalização eficaz para garantir sua efetividade”, completa.
O psicólogo ressalta que conscientizar sobre o uso do cinto de segurança e desenvolver hábitos melhores no trânsito de forma geral exige um esforço conjunto de governos, organizações não governamentais, empresas e sociedade civil. “Com educação contínua, campanhas eficazes, incentivos adequados, fiscalização rigorosa e o uso de tecnologias inovadoras, podemos criar um ambiente de trânsito mais seguro para todos. Os benefícios do cinto de segurança e a adoção de medidas concretas podem salvar inúmeras vidas e evitar tragédias”.