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Glaucoma afeta 2,5 milhões de brasileiros acima de 40 anos

Diagnóstico precoce previne a patologia / Foto: Freepik.com

 

Apontado como a principal causadora de cegueira irreversível, o glaucoma atinge cerca de 2,5 milhões de pessoas com mais de 40 anos no Brasil. No mundo, são 67 milhões de indivíduos acometidos pela doença, de acordo com a Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG).

O glaucoma é causado pelo aumento da pressão ocular, provocando lesões no nervo óptico e no campo visual, podendo acarretar, ainda, perda da visão, segundo explica o oftalmologista da Unimed – BH, Luiz Carlos Molinari. “Há três tipos de glaucoma: congênito, presente desde o nascimento; secundário, quando ocorre após cirurgia ocular, catarata avançada, uveítes, diabetes, traumas ou uso de corticoides; e o crônico, que costuma atingir pessoas acima de 35 anos”.

“Outras formas da patologia podem apresentar uma dor ocular intensa com dor de cabeça, náuseas e até vômitos associados, caracterizando um quadro de urgência. Nesses casos, a procura por ajuda médica imediata é importante. Infelizmente, a doença é crônica e não tem cura, mas com tratamento e acompanhamento adequado é possível evitar a perda total da visão”, acrescenta.

Ele pontua também que aqueles que não nasceram com a forma congênita da patologia devem realizar uma orientação periódica com especialista. “Pessoas com familiares com glaucoma têm maior risco de desenvolvimento da enfermidade, mas aqueles que não possuem casos na família também podem desenvolver a doença”.

O médico afirma ainda que há alguns fatores de risco para o desenvolvimento da doença, como idade acima de 40 anos, afrodescendência, pressão dos olhos elevada, hereditariedade, córneas finas, miopia, pressão diastólica baixa e diabetes. “Na maioria dos casos, o glaucoma pode ser controlado com tratamento adequado. Isso pode ser feito por meio de colírios, laser ou cirurgias. Quanto mais cedo for o diagnóstico, maiores as chances de se evitar a perda da visão, pois 80% dos glaucomas não apresentam sintomas iniciais”.

 

Silenciosa

Molinari esclarece que o glaucoma é uma enfermidade assintomática de um modo geral. “O tipo mais comum, o chamado crônico, não apresenta sintomas. Se o paciente ficar esperando por algum indício vai perder campo de visão. É muito importante fazer a prevenção, sendo que a maior precaução é o exame anual, com a finalidade de verificar a acuidade visual, a pressão, a tomografia de coerência óptica”.

“O acompanhamento com o oftalmologista deve ser o mais individualizado possível para melhor tratamento, sendo que a enfermidade deve ser prevenida desde o nascimento, especialmente em famílias de portadores da doença. E seguir o procedimento corretamente é importante para que a diminuição da função visual não evolua até a cegueira”, alerta o profissional.

 

Superação

O massoterapeuta e triatleta, Antônio Carlos da Silva, nasceu com glaucoma congênito e teve perda total da visão aos 29 anos. De uma família com oito irmãos, Totonho, como gosta de ser chamado, conta que mais dois irmãos também apresentam a doença. “Em minha família, o glaucoma é hereditário, surgiu por parte de algum ancestral materno. Ainda tenho mais dois primos com a enfermidade”.

Em 2023, Totonho ficou conhecido como a primeira pessoa com deficiência visual a participar de uma prova de triathlon (competição realizada em três etapas, sendo 500 metros de natação, 13,5 km de ciclismo e 3,5 km de corrida) em Minas Gerais.

“Quando fiquei sem a visão, preferi batalhar, e não ficar em casa sem ter o que fazer. Tenho duas pernas e dois braços e decidi fazer o que gosto. Durante as provas, não me preocupo com o tempo, mas em completar o desafio e mostrar à outras pessoas com deficiência que elas também podem conseguir”, afirma.

Ele finaliza fazendo um alerta. “Acredito que todos devem fazer acompanhamento médico, porque o glaucoma é uma doença silenciosa. Às vezes, pensamos que não tem nada, mas uma simples dor de cabeça pode ser glaucoma. É preciso tomar cuidado”.