Dados do Banco Central do Brasil (BC) mostraram um aumento no número de transações via Pix de valores mínimos, como R$ 0,01. De acordo com a autoridade monetária, foram 35,3 milhões de operações do tipo em 2023, um crescimento de 31% em relação ao ano anterior, quando foram realizadas 24,6 milhões de operações.
O especialista em tecnologia bancária, Luiz Fernando Maluf, explica que tem sido comum as transferências via Pix de pequeno valor para troca de mensagens. “A modalidade requer que você tenha algum tipo de autenticação, como senha ou impressão digital, para realizar uma transação. Esse tipo de transferência pode causar uma sobrecarga no sistema financeiro”.
“Todos os bancos conseguem monitorar em tempo real não só o volume das transações, mas também o valor, a origem e o destino destas movimentações. Conseguem separar o processamento das transferências de quantias maiores das de centavos que acabam impactando o sistema. As instituições financeiras podem identificar os usuários e penalizar aqueles que fazem operações de centavos para que elas sejam processadas com menor velocidade”, completa.
Apesar do alto número de transferências via Pix de R$ 0,01, o especialista afirma que o sistema bancário consegue atender às requisições dos usuários. “Todas as instituições utilizam sistemas redundantes e de alta escalabilidade. Elas estão preparadas para se ajustar com a demanda e absorver elevados volumes de transações”.
“Real Digital”
Maluf avalia que o Brasil está se preparado para a implementação de moedas virtuais, como o “Real Digital”, batizado como Drex. A moeda foi criada pelo Banco Central e está em fase de testes. O Drex tem previsão de estar disponível ao público até o final de 2024. “O Brasil tem um histórico de transferências instantâneas que vem desde a época de períodos de hiperinflação, sendo um dos países que lidera esse processo mundialmente e tem ótimas credenciais nesta área”.
Ele diz que o Drex vai trazer novas possibilidades de negócios e permitir que milhares de transações sejam realizadas de forma mais rápida. “Certamente, vai se utilizar do Pix de alguma forma para liquidação de transações. A implementação do Drex no sistema financeiro brasileiro vai ser um processo virtuoso, como a utilização de contratos inteligentes, os chamados smart contracts”.
“Vamos ter centenas de opções para fazer transações tokenizadas para a aquisição de ativos, desde bens duráveis e não duráveis a contratos de petróleo. O impacto do Drex é criar um ciclo de muita inovação no sistema financeiro brasileiro, permitindo que as instituições conquistem novos clientes e mercados em uma era cada vez mais digitalizada e com operações mais ágeis”, conclui.