A pesquisa Indicadores Industriais de Minas Gerais (Index), elaborada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), revelou que, no acumulado de 2023, o faturamento da indústria geral (indústria de transformação + indústria extrativa) cresceu 3,4%. Porém, em dezembro, o índice mostrou retração de 1,5%, ante novembro, puxada pelo segmento de transformação.
O nível de emprego apresentou o segundo maior crescimento no ano e, somado ao pagamento da segunda parcela do 13º salário, colaborou para elevar a massa salarial real e, desse modo, o rendimento médio real. De acordo com o estudo, o mercado de trabalho resiliente, a redução dos desafios relacionados à disponibilidade de matérias-primas, a desaceleração da inflação e as medidas de transferência de renda contribuíram para estimular o consumo.
A utilização da capacidade instalada também diminuiu, ao passo que as horas trabalhadas na produção registraram um pequeno aumento. Adicionalmente, o setor produtivo, especialmente a cadeia automotiva, foi favorecido pelos benefícios fiscais do governo federal.
O economista Gelton Pinto Coelho explica que o ano de 2023 marca a retomada do país a um ambiente positivo para a economia. “A queda da inflação, a diminuição das taxas de juros e o aumento da massa salarial começaram a mobilizar os mais diversos setores. Minas tem uma importância fundamental por sua localização central e capacidade de produção. Enquanto o país retoma investimentos, os setores industriais respondem atendendo às demandas”.
Ele ainda ressalta o fator que impulsionou o faturamento da indústria. “A principal é a retomada do país e dos gastos públicos como força importante na garantia dos investimentos. Há empecilhos a serem resolvidos, como a questão dos tributos que onera demasiadamente o setor industrial. É fundamental implementar a reforma tributária e continuar reduzindo juros para que a aquisição de máquinas e equipamentos seja ampliada”.
Expectativas
A instituição destaca que, em 2024, as expectativas são de desempenho moderado da indústria. A concessão de estímulos governamentais ao longo do ano, por meio do programa Nova Indústria Brasil, poderá impulsionar a atividade industrial. Além disso, o mercado de trabalho aquecido e a melhora das condições financeiras das famílias deverão continuar a influenciar positivamente a demanda por bens.
A pesquisa pontua ainda que apesar da tendência de novos cortes na taxa Selic, a política monetária deverá permanecer restritiva, limitando os investimentos e a aquisição de bens industriais, em especial aqueles mais dependentes de financiamento. Externamente, a desaceleração do crescimento de economias importantes, como a China, poderá impactar negativamente a indústria.
Para o economista, os números deste primeiro trimestre já estão acima das previsões e o próprio Banco Central já sinalizou isso. “Minas precisa resolver com urgência alguns gargalos que impedem um maior crescimento, como a oferta de energia a preços competitivos ao setor industrial. A questão das estradas não se resolverá apenas com concessões e não é possível esperar por mais cinco anos, porque afeta muito os custos de transporte da produção e das próprias empresas que querem investir no Estado”.
Nova Indústria Brasil
Coelho afirma que esse é o programa mais inovador que o país já teve nos últimos 20 anos. “Ele tem metas claras e garantias do setor público para os investimentos que propõe. O quadro técnico de economistas com experiência internacional trouxe equilíbrio para as discussões de inovação”.
“Há no projeto etapas de verificação, o que corrige planos anteriores que garantem certas vantagens específicas, mas não cobrava os retornos esperados. Isso acabou onerando o setor público e gerando acumulação de renda ao invés de investimento nas empresas. As seis missões estabelecidas mostram a amplitude do programa e as conexões necessárias para a expansão da indústria brasileira, resolvendo dificuldades e diminuindo a necessidade de importações”, finaliza.