De acordo com uma pesquisa feita pela Guia da Alma, uma startup de soluções de saúde mental, 62,6% (15.146 pessoas) apresentaram um alto grau de ansiedade, 31,1% (7.528) dos brasileiros estão com ansiedade moderada, enquanto 4,6% (1.107) se encontram em nível leve e 1,7% (399) estão em grau normal. O estudo foi feito entre os anos de 2020 e 2023 e foi ouvido 24.267 participantes.
Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas: 9,3% da população, ou seja, 18,6 milhões. Há também um alerta sobre a saúde mental dos brasileiros, já que um em cada quatro indivíduos pode sofrer com algum transtorno mental ao longo da vida.
O psiquiatra Diego Tinoco acredita que os dados são alarmantes e nos fazem refletir sobre o estilo de vida que temos, atualmente, em diferentes sentidos. “Trabalho; cobrança, de todas as partes; e uso de celular e redes sociais de forma exagerada. Além da autocobrança e comparações excessivas. São muitos excessos no mundo atual que precisamos pensar e equilibrar”.
Ele explica que a ansiedade é uma resposta normal e natural do organismo a determinadas situações do cotidiano. “Ter um pouco de ansiedade faz parte do ser humano, e muitas vezes pode ser benéfico. O que torna os sintomas ruins é quando são tão intensos que chegam a prejudicar o dia a dia das pessoas, atrapalhando a vida pessoal, amorosa ou profissional”.
“Os principais sintomas do transtorno de ansiedade generalizada, que é o mais comum, são ansiedade antecipatória, preocupação excessiva com situações que podem ou não acontecer; irritabilidade; impaciência; nervo a flor da pele, que é quando pequenas situações geram um nervosismo desproporcional à situação; falta de concentração ou memória prejudicada; e alteração do sono”, comenta o profissional.
Tratamento
Tinoco revela que o tratamento é feito avaliando as diferentes formas de ansiedade e o nível de prejuízo que a pessoa está apresentando com tais sintomas. “Durante a avaliação é orientado o tipo de procedimento a ser adotado. O não medicamentoso consiste em terapia com profissional capacitado e experiente na área. Já em relação aos medicamentos existem vários disponíveis que podem melhorar a médio ou a curto prazo, vai depender de como o paciente se apresenta”.
Ana Paula Soares, servidora pública, de 33 anos, foi diagnosticada com transtorno de ansiedade generalizada em 2018. “Tive esse resultado depois de uma crise, onde precisei ser medicada. A minha ansiedade é considerada de nível baixo e faço tratamento. Em setembro do ano passado fiz a troca do remédio para trazer mais eficácia ao procedimento”.
Janeiro Branco
O Janeiro Branco é uma campanha que tem o objetivo de chamar a atenção da humanidade para as questões e necessidades relacionadas à saúde mental e emocional dos cidadãos e das instituições humanas. Segundo o Ministério da Saúde, no primeiro mês do ano, em termos simbólicos e culturais, as pessoas estão mais propensas a pensarem em suas vidas, relações sociais, condições de existência, emoções e em seus sentidos existenciais. Por isso, a escolha do mês de janeiro para a campanha.
Tinoco destaca que é fundamental as ações em prol da saúde mental. “Sei que é importante ter um mês específico para uma determinada campanha, porém, é essencial lembrar que os cuidados com a saúde mental devem acontecer todos os dias”.