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Minas Gerais tem alerta para epidemia de dengue em 2024

Foto: Freepik.com

 

O Ministério da Saúde alertou que, em 2024, o número de casos de dengue deve aumentar em grande parte do Brasil. Conforme os monitoramentos, Minas Gerais apresenta “potencial epidêmico”. Além de Minas, o Espírito Santo também está sob alerta na região Sudeste do país. Segundo a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente da pasta, Ethel Maciel, estados da região Centro-Oeste e o Paraná, no Sul do Brasil, estão sob alerta alto.

A estimativa pouco otimista se dá frente a um cenário em que, pela primeira vez em muito tempo, os quatro sorotipos do vírus causador da doença (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4) circulam no país e o El Niño eleva as temperaturas, criando um clima ideal para o mosquito vetor, o Aedes Aegypti, se reproduzir cada vez mais. De olho na situação, a pasta inaugurou a Sala Nacional de Arboviroses (SNA), um espaço permanente que vai permitir o monitoramento em tempo real dos locais com maior incidência de dengue, chikungunya e zika para preparar o Brasil em uma eventual alta de casos dessas doenças nos próximos meses.

O ministério também anunciou um aporte de R$ 256 milhões a Estados e municípios. Ainda no final deste ano, uma parcela de R$ 111,5 milhões será liberada. Neste ano, a maioria dos casos foi causada pelo tipo 1 da dengue. Mas o vírus tipo 4 foi identificado no dia 7 de dezembro, no Rio de Janeiro. Em maio, a Fiocruz havia noticiado a volta do tipo 3 no Norte do país após 15 anos. A reintrodução de sorotipos após anos sempre preocupa especialistas e autoridades. Isso porque um “novo” vírus costuma encontrar uma população suscetível e sem proteção prévia.

O infectologista Cristiano Alvarenga salienta que a recuperação da infecção fornece imunidade vitalícia contra o sorotipo adquirido. “Entretanto, a imunidade cruzada para os outros sorotipos após a recuperação é apenas parcial e temporária. Infecções subsequentes com os outros sorotipos aumentam o risco do desenvolvimento de dengue grave. E temos muitas pessoas que ainda não tiveram a doença, crianças e idosos são os que mais nos preocupam”.

Até 4 de dezembro de 2023, o Brasil registrou mais de 1,6 milhão de casos de dengue, 17,5% a mais que no ano passado, quando chegou a 1,3 milhão no mesmo período. A taxa de letalidade se manteve em 0,07% nos últimos dois anos. Foram 1.053 mortes confirmadas neste ano e 999 no ano anterior.

Dados do Levantamento Rápido de Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) indicam que 1.506 de um total de 4.976 municípios analisados no país têm classificação de alerta para infestação do mosquito – o equivalente a 30,2%. Além disso, 189 cidades ou 3,7% têm classificação ainda mais alta de risco. O restante (3.281 ou 65,9%) obteve classificação satisfatória.

Alvarenga sugere procurar orientação médica ao surgirem os primeiros sintomas, pois as manifestações iniciais podem ser confundidas com outras doenças. “A pessoa pode apresentar febre, dor de cabeça e pelo corpo, náuseas ou até mesmo não ter sinal. O aparecimento de manchas vermelhas na pele, sangramentos (nariz, gengivas), dor abdominal intensa e contínua e vômitos persistentes podem indicar um sinal de alarme para dengue hemorrágica. Esse é um quadro grave que pode ser fatal e necessita de imediata atenção médica”.

Ele explica que o tratamento é realizado a base de analgésicos e antitérmicos e pode ser feito no domicílio, com orientação para retorno ao serviço de saúde. “Indica-se hidratação oral com aumento da ingestão de água, sucos, chás, soros caseiros, entre outros. Não devem ser usados medicamentos com ou derivados do ácido acetilsalicílico (AAS) e anti-inflamatórios derivados (como a dipirona), por aumentar o risco de hemorragias. No que se refere à dengue hemorrágica, o tratamento é realizado a partir de internação hospitalar do paciente”.

Os números mostram também que, em 2023, 74,8% dos criadouros do mosquito da dengue estão nos domicílios, como em vasos e pratos de plantas e garrafas retornáveis. Depósitos de armazenamento de água elevados (caixas d’água, tambores, depósitos de alvenaria) e no nível do solo (tonel, tambor, barril, cisternas, poço, cacimba, cisterna) aparecem como segundo maior foco de procriação dos mosquitos, com 22%, enquanto depósitos de pneus e lixo respondem por 3,2%.

O médico reforça que a melhor forma de evitar a dengue é combater os focos do mosquito transmissor da doença. “É importante não acumular água em latas, embalagens, copos plásticos, tampinhas de refrigerantes, pneus velhos, vasinhos de plantas, jarros de flores, garrafas, caixas d’água, tambores, latões, cisternas, sacos plásticos e lixeiras, entre outros”.