A burocracia ao acesso ao exame de mamografia, que auxilia no rastreamento do câncer de mama, foi pauta de audiência pública na Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
O presidente da Comissão, deputado Arlen Santiago (Avante), mostrou dados de que em Minas Gerais, durante o ano passado, 210 pacientes foram encaminhadas para as Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), para a realização de cirurgia após os 60 dias, enquanto no mesmo período, 1.929 foram encaminhadas a quimioterapia.
“Estamos vendo que não estamos diagnosticando precocemente. A mulher tem dificuldades em conseguir fazer a sua mamografia, pois é muita burocracia. Ela vai em um posto de saúde, é feito o pedido e ainda tem que aguardar algum retorno da secretaria municipal de saúde. Às vezes, ela desiste e o tumor vai crescendo”.
Outro ponto abordado por Santiago foi a redução no número de mamografias de rastreamento realizadas no Estado. “Em 2018, foram feitos 330.808 exames, já em 2022, 274.966 mamografias. Quase 50 mil a menos”.
Clécio Ênio Murta de Lucena, diretor de Defesa do Exercício Profissional para Assuntos de Remuneração da Associação Médica de Minas Gerais, lembrou que vários países do mundo têm feito a mesma recomendação que o Brasil em permitir que mulheres entre 50 e 69 anos façam a mamografia pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“O que estamos vendo é uma realidade totalmente diferente. Mais de um terço dos casos de câncer de mama no Brasil e em outros países subdesenvolvidos são em mulheres abaixo dos 50 anos. O mesmo acontece com mulheres acima dos 70 anos. Ou seja, para a maioria das vítimas não está sendo oferecido o rastreamento mamográfico adequado. Precisamos melhorar o nosso processo educacional, ter um parque tecnológico de mamografia amplo e aberto. Nós temos equipamentos de mamografia suficiente para fazer o rastreamento, mas o problema é a má distribuição destas máquinas”, alerta Lucena.
A audiência contou com a presença de secretários de Saúde de alguns municípios. A titular da pasta em Montes Claros, Dulce Pimenta Gonçalves, também destacou a importância da realização do exame para o diagnóstico precoce da doença. “A incidência do câncer no Norte de Minas está um pouco acima das médias nacional e estadual”.
Aplicativo deve ser lançado
O deputado Arlen Santiago disse que está sendo estudado junto com o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, a criação de um aplicativo para que a mulher interessada em fazer a mamografia consiga marcar o exame de forma mais prática. “A ideia é que a interessada vá até o hospital, faça a mamografia e receba o resultado no celular, além de ser orientada sobre a biópsia e o tratamento”.