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Cultura e arte são ferramentas de inclusão social em comunidades

Foto: Instituto Macunaíma/Reprodução

A arte e a cultura exercem um importante papel na sociedade e no convívio social. No Brasil, uma grande parcela da sociedade ainda não tem acesso a espaços e serviços básicos que são essenciais para uma vida digna. Para discutir sobre o assunto, o Edição do Brasil conversou com a Coordenadora do Projeto Negritude-se no Instituto Macunaíma, Laila Vieira de Oliveira (foto). Para ela, a inclusão social por meio da cultura pode transformar a realidade de muitas pessoas. “O indivíduo pode superar as situações de vulnerabilidade e exclusão social, melhorando a autoestima com o acréscimo de um novo saber que abre campo para mais possibilidades de inserção social”,

Qual é o impacto da prática cultural em comunidades?
A prática cultural intensifica o desejo pelo aprendizado para além do ensino escolar e colabora para a transformação e ampliação de suas possibilidades. As atividades também têm impacto na diminuição da violência nesses espaços, promovem interação pessoal, estimulam a criatividade, a disciplina e trazem esperança para a vida dessas pessoas. Outra questão é o fato do reconhecimento de produção cultural própria dos territórios, além do direito de a periferia usufruir de outros tipos de formação cultural, e que nenhuma se sobrepõe à outra. Um exemplo é que os jovens periféricos podem produzir funk, samba, rap, trap, e ainda conhecer, aprender e usufruir da música clássica, de aulas de ballet, inclusive, muitos projetos sociais trabalham com várias vertentes de formação cultural, gerando autonomia e protagonismo na população atendida.

Por que é importante levar arte e cultura a esses espaços?
A arte é uma característica do ser humano. Quando chega à periferia, através de políticas públicas, de espaços de formação, de fomento de leis de responsabilidade fiscal, ela promove a relação do que a comunidade já produz, com os direitos culturais de mundo sendo acessados no espaço periférico.

Como essas áreas ajudam reduzir a desigualdade social?
Quando a população tem acesso à arte e à cultura, sua visão de mundo se amplia, passa a reconhecer o que são os direitos humanos garantidos na Constituição e sua realidade vai se alterando. O ramo é um forte gerador de emprego e renda, e pode proporcionar uma trajetória de crescimento e conquistas, rompendo barreiras e possibilitando o acesso a oportunidades que antes pareciam distantes.

Em sua avaliação, a arte pode “salvar” os jovens da criminalidade?
Sim, embora a palavra “salvar” seja bastante conturbada, a arte é uma forma de promover acessos que, muitas vezes, a ausência do Estado, o faz perder direitos e oportunidades. Obviamente, precisa-se de uma rede fortalecida de atendimento do Estado, sociedade civil, entre outras. É uma forma lúdica de se comunicar com a linguagem do jovem.

Como seria possível conscientizar a sociedade sobre a relevância desses projetos?
É preciso que haja divulgação dos trabalhos nos meios de comunicação, conscientização feita desde a escola, e, para a população adulta, publicizar mais os trabalhos que já existem, para que eles sejam apoiados e surjam novos. Além do incentivo à doação financeira, as parcerias com empresas e ao voluntariado. Esse é um processo que, apesar de lento, se mostra bastante efetivo.