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Do sorriso à tristeza: por que há tantos humoristas com depressão?

Neste mês, o humorista Whindersson Nunes, por meio de várias mensagens nas redes sociais, sensibilizou o Brasil ao revelar que está passando por um quadro depressivo. E ele não está sozinho na lista de pessoas que fazem as outras sorrirem, mas que, internamente, não e estão bem. Comediantes como Jim Carrey, Chico Anysio, Stephen Fry e Eduardo Sterblitch já falaram abertamente sobre o problema. Para Robin Williams e Fausto Fanti, a depressão foi tão avassaladora que resultou em fim trágico.

O psicólogo Roberto Debski explica que há diferença entre depressão e tristeza. “É normal passarmos por momentos nos quais ficamos tristes com algum ocorrido, como a morte de um ente querido ou quando algo ruim acontece. Porém, isso passa a ser preocupante quando esse sentimento dura semanas ou meses”.

Em relação à quantidade de comediantes que assumiram publicamente sofrerem do mal, o especialista afirma que isso acontece porque a doença está difundida na sociedade e que os humoristas refletem essa realidade. “Essa pessoas trabalham com o humor diariamente, mas isso não significa que sejam sempre felizes. Sei que parece contraditório, porém não é. Às vezes, quando estão atuando e contando piadas, estão simplesmente interpretando um papel, como acontece com qualquer outro ator. Além disso, assim como qualquer pessoa, elas sofrem pressões impostas pela sociedade”.

O Edição do Brasil entrou em contato com a assessoria de imprensa de Whindersson que, por meio de nota, disse: “O artista passou por uma exaustiva rotina nesses últimos meses em sua turnê mundial, além de uma extensa agenda de gravações, entrevistas e shows (…). Entendemos e apoiamos que todo artista precisa de um tempo em sua jornada para se dedicar a carreira, família e dar espaço aos projetos pessoais. Pensando sempre no seu bem-estar, decidimos adiar toda sua agenda de compromissos profissionais até meados de julho deste ano”.

Mal do século

Considerada como o “mal do século”, a depressão a cada dia atinge mais pessoas no Brasil e no mundo. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a quantidade de casos cresceu 18% em 10 anos e até 2020 a doença será a mais incapacitante do planeta.

Além disso, ainda de acordo com a OMS, o Brasil é o campeão de casos de depressão na América Latina: quase 6% da população, um total de 11,5 milhões de pessoas, sofrem com a doença.

“O aumento no índice acontece em todas as faixas etárias e com diferentes níveis sociais. As demandas da vida moderna, a falta de tempo para realizar atividades de lazer e que geram prazer, além do alto índice de consumismo,  estão deixando as pessoas, a cada dia, mais doentes”, explica o psicólogo.

Outro ponto destacado por Debski é o fato da depressão afetar também aspectos físicos. “Por isso, o tratamento deve ser feito de maneira multidisciplinar. Apenas tomar medicamento não é suficiente. É necessário uma mudança de hábitos, como praticar atividades físicas regularmente, trocar alguns costumes alimentares, meditar e sempre fazer terapia”.