Durante reunião do Conselho Estadual de Patrimônio Cultural (Conep), no Palácio da Liberdade, a cozinha mineira foi declarada patrimônio cultural imaterial de Minas Gerais. A deliberação aconteceu a partir do registro dos sistemas culinários do milho e da mandioca pelo Conep. O Governo de Minas também lançou o projeto “Cozinha Mineira Patrimônio – Temporada 2023”, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais(Iepha-MG). O objetivo é fomentar e promover os ingredientes, saberes e práticas que constituem a cultura alimentar mineira.
“A proteção, que se deu à cozinha mineira como patrimônio imaterial, continua nessa temporada, a partir da qual nós vamos valorizar e promover a cultura alimentar e gastronômica de Minas Gerais. Isso significa que teremos vários festivais da cozinha mineira espalhados pelo estado, de forma especial no Circuito da Liberdade. Teremos também ações para desenvolver o turismo de base comunitária e, com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), pretendemos proteger e salvaguardar ainda mais a agricultura familiar”, pontuou o secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas Oliveira.
Ele também ressaltou a importância dos povos originários e tradicionais na construção da cozinha mineira. “É sobretudo no povo negro, nos povos indígenas da nossa terra, que nasce a genialidade dessa cozinha. É um dia de celebração imensa para Minas Gerais essa declaração da cozinha mineira como patrimônio imaterial do estado”, completou Oliveira.
O “Cozinha Mineira Patrimônio” contemplará uma série de ações que reforçam a importância da cozinha mineira para a cultura, o turismo e o desenvolvimento econômico e social do estado, enaltecendo a cozinha mineira enquanto patrimônio imaterial.
A deliberação sobre o registro dos sistemas culinários do milho e da mandioca é de grande relevância para o reconhecimento e a valorização de saberes e práticas desenvolvidos pelos povos originários e tradicionais, como as comunidades indígenas e negras. A contribuição desses povos foi essencial para que a mandioca e o milho constituíssem alguns dos pilares que sustentam a cozinha mineira.
O secretário destaca como essa herança dos povos originários e tradicionais permeia a cultura alimentar dos mineiros. “O fubá que é produzido a partir do milho deu origem ao nosso angu e a diversos outros preparos, como broas, bolos e biscoitos. Eduardo Frieiro, no livro ‘Feijão, angu e couve’, demonstrou como a origem do angu está atrelada à história dos povos de origem africana que contribuíram para construir os hábitos alimentares em Minas Gerais, desde o período da formação do estado”.
“A mandioca, cultivada pelos indígenas, é outro elemento essencial do qual se extrai o polvilho, que é a base do nosso pão de queijo, dos biscoitos, além da própria farinha que é ingrediente do tropeiro. O registro dos sistemas culinários do milho e da mandioca, reverencia, assim, os povos originários e tradicionais, os fazedores de farinha, que desenvolveram os elementos fundantes da nossa cozinha”, completa Oliveira.
O registro dos sistemas culinários do milho e da mandioca compreende o ato de se alimentar de maneira ampla, ressaltando os valores socioculturais, simbólicos e cosmológicos. Fatores como o plantio, o processamento, a preparação, o consumo são levados em conta junto às características de sociabilidade e ritualística atreladas aos lugares, paisagens, instrumentos, métodos e técnicas que definem os saberes culinários transmitidos ao longo das gerações.
O projeto “Cozinha Mineira Patrimônio” visa, assim, à promoção do repertório alimentar e gastronômico mineiro, a partir de ações voltadas ao fomento, à capacitação, à valorização e à divulgação dos sistemas culinários da cozinha mineira enquanto patrimônio cultural imaterial.