A Casa Fiat de Cultura convida pela última semana, o público a desvendar as alegorias e os simbolismos do poema épico “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri. A influência desta obra-prima está impregnada no imaginário ocidental e, mesmo depois de séculos, continua a inspirar escritores e toda a literatura mundial, além de outras áreas da cultura. A mostra fica em cartaz até 11 de junho e é uma parceria com o Consulado da Itália em Belo Horizonte e o Instituto Italiano di Cultura do Rio de Janeiro. Toda programação é gratuita.
Na exposição “O Inferno de Dante – Valentina Vannicola na Casa Fiat de Cultura”, a artista italiana transpõe cenas clássicas do Inferno, o primeiro reino de “A Divina Comédia”, em uma produção de 15 obras fotográficas baseadas no gênero tableau vivant (tendência da fotografia contemporânea de apresentar como cenas reais as imagens construídas de acordo com a dinâmica da cinematografia). Um ambiente imersivo foi criado na Casa Fiat de Cultura para despertar o imaginário dos visitantes e proporcionar uma reflexão sobre a existência humana.
O trabalho de Valentina Vannicola conecta as novas gerações à obra daquele que é chamado de sumo poeta. Para ela, Dante ensina que é possível falar com clareza e profundidade de todas as coisas, das mais importantes às mais supérfluas. “A Divina Comédia é uma obra imaginativa e com uma linguagem envolvente, na qual Dante orienta o leitor de modo a facilitar a visualização e materialização dos personagens e das situações descritas. Dante insere a alegoria, a grande advertência ou ensinamento político e ético e se abre para um segundo imaginário: o da interpretação. Para esta exposição, cada imagem que produzi está empenhada em traduzir o rico simbolismo do poema”, revela.
Para o presidente da Casa Fiat de Cultura, Massimo Cavallo, “A Divina Comédia” nasceu revolucionária e segue inspirando até os dias de hoje, mais de 700 anos após a morte de Alighieri. “Ao escrever uma jornada que navegou pelas instâncias do inferno, do purgatório e do paraíso, Dante Alighieri ultrapassou as barreiras poéticas, criou a base de uma língua e se tornou símbolo de um país. As cenas italianas, exibidas em terras mineiras, celebram esse forte diálogo entre as culturas e entre as artes, em suas mais diversas formas de expressão. Assim, reforçamos o nosso compromisso de promover diferentes reflexões e de discutir o clássico com um olhar contemporâneo”, reforça.
No momento de planejar a expografia de “O Inferno de Dante – Valentina Vannicola na Casa Fiat de Cultura”, o arquiteto Paulo Waisberg conta que a primeira inspiração veio das obras de Valentina, sobretudo da paisagem desolada escolhida pela artista para a captura das imagens. Foi da relação entre o material visual e a obra de Dante Alighieri que surgiu um elemento atípico para instalar as 15 obras: a terra. Da terra, brotam cavaletes que sustentam as imagens, que são abrigadas em uma galeria com paredes e teto pretos, criando um espaço ainda mais dramático. “O espaço imersivo transforma os sentidos e estimula o imaginário. Ao criar essa atmosfera, as pessoas se percebem em um outro lugar e o conteúdo da exposição se amplifica, potencializando a experiência”, comenta o arquiteto.
Outro ambiente foi criado para que o visitante tenha uma contextualização sobre a vida do poeta e “A Divina Comédia”. “Este espaço traz o carvão como elemento expográfico e, no centro da galeria, está o rosto de Dante, extremamente expressivo, como se estivesse observando tudo o que acontece”, explica Waisberg. O arquiteto ressalta que a referência ao carvão surgiu como ideia no início do poema de Dante, quando ele relata estar perdido em uma selva escura.
A mostra “O Inferno de Dante – Valentina Vannicola na Casa Fiat de Cultura” pode ser vista em um tour virtual no site. O público poderá ainda fazer visitas mediadas pela equipe do Programa Educativo da Casa Fiat de Cultura, que abordará a mostra a partir de três eixos: histórico, técnico-estético e biográfico.