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Venda da Cemig pode levar o povo às ruas em Minas Gerais

Aloísio Vasconcelos é ex-diretor da Cemig / Foto: Michelle Muls

 

Partidos de oposição ao governo do estado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), bem como alguns parlamentares federais, em Brasília, prometem intensificar uma mobilização para tentar barrar a tese do governador Romeu Zema (Novo), quanto à federalização ou privatização da Cemig.

Em Brasília, o deputado petista Rogério Correia já agiliza contatos com lideranças sindicais, com a finalidade de caminhar para o embate. Em determinado momento, a decisão poderá levar o povo às ruas na tentativa de sensibilizar os deputados mineiros a não aprovarem o projeto do governo.

 

População é contra

Atualmente, a empresa atende a nove milhões de consumidores, em 774 municípios. A possibilidade de o poder público estadual transferi-la à iniciativa privada é um tema discutido em todos os rincões mineiros. Há, nos bastidores, uma pesquisa indicando que 83% dos entrevistados são contra a venda, cujo número aumenta para 90% no Sul de Minas, no Triângulo e no Oeste. É sempre bom rememorar que, desde o governo Itamar Franco, para poder despender das ações da firma, tem de haver duas votações, com quórum qualificado no âmbito do Legislativo mineiro, além de um referendo popular.

Ex-presidente da Eletrobrás, ex-diretor da Cemig, o engenheiro Aloísio Vasconcelos lembra a importância da empresa por décadas em nosso estado. Ele diz que a Cemig sempre foi lucrativa, e com profunda visão social. Oferece um excelente padrão de distribuição de energia, referência em todo o país. Para Vasconcelos, toda empresa de energia quando é privatizada tem queda na qualidade e aumenta fortemente a conta de luz mensal, deixando de proceder à eletrificação do interior, especialmente na zona rural.

Repete o engenheiro Aloísio Vasconcelos, “se a ideia é vendê-la em leilão público, é muito provável que o comprador seja uma estatal chinesa. O governo acha que não pode ser estatal do povo mineiro, mas poder ser chinesa?”, indaga.

A orientação do governo do estado, liderada pelo governador Romeu Zema, tem sido no sentido de desfazer de todas as estatais mineiras, Cemig, Copasa, Codemig e tudo mais que tenha valor de mercado. Mas, para especialistas, tudo isso não vai ser suficiente para minimizar o bilionário valor devido ao governo federal, que espera a decisão referente à adesão ao Plano de Recuperação Fiscal do Estado.

Recentemente, foi dito que Minas deve aos cofres federais mais de R$ 100 bilhões. Tudo está em compasso de espera, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que vem concedendo liminar, suspendendo a quitação de parcelas há quatro anos.