Com o avanço do desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA), um dos grandes questionamentos é qual será o impacto do uso do mecanismo no mercado de trabalho, assim como o impacto em nosso dia a dia e o relacionamento entre as pessoas. Para debater o assunto, o Edição do Brasil conversou com o Especialista em Gestão Ágil e Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), Rogério Brum (foto).
A inteligência artificial seria uma amiga ou vilã do mercado de trabalho?
Ela é vista por uns como algo que pode ajudar e por outros como uma coisa prejudicial ao trabalho. A IA pode automatizar tarefas repetitivas, identificando oportunidades e aumentando a eficiência e produtividade, melhorando as tomadas de decisões. No entanto, a inteligência artificial pode levar a perda de empregos em negócios que têm essas tarefas repetitivas.
Todos deveriam ver a IA como uma grande chance para criar oportunidades de trabalho. Isso porque todos precisaremos desenvolver novas habilidades e competências, não somente técnicas, mas também sociais e emocionais, que serão ainda mais importantes para trabalhos que exigem interação com clientes e colegas. Precisamos nos adaptar e trabalhar em colaboração com a IA.
Acredita que o relacionamento entre seres humanos poderá diminuir com maior presença da tecnologia?
Muito pelo contrário, se entenderem que o relacionamento humano é uma questão complexa, que envolve aspectos como cultura e personalidade, saberão que a IA é mais uma tecnologia capaz de aumentar essa interação entre pessoas e não a reduzir.
Quais profissões poderiam crescer com o avanço da IA?
A cinco principais e que já estão em crescimento exponencial são: Engenheiro de Dados, Científica de Dados, Desenvolvedor de IA, Especialista em Ética de IA e Profissional de Marketing Digital. Vale mencionar que estas são apenas algumas das profissões e outras poderão surgir com o passar do tempo.
Existe algum risco na utilização em excesso?
Sim, cito três. A dependência excessiva, que pode deixar as pessoas incapazes de executar tarefas sem o uso da tecnologia, o que com certeza impacta na diminuição das habilidades criativas. Tem o viés da discriminação, pois a IA é proporcional aos dados com os quais é alimentada. Se ali tivermos dados tendenciosos, ela também será. E a privacidade, pois, a IA pode ser usada para coletar e analisar grandes quantidades de dados, e isso por si só, levanta a preocupação sobre a segurança dos dados.
Já podemos ver a IA atuando em nosso cotidiano?
Os mais conhecidos são: os chatbots que usam a linguagem para conversar com as pessoas de maneira natural, reproduzindo o comportamento humano, de maneira pré-programada. Eles podem, por exemplo, automatizar rotinas diversas, e acabam por deixar os serviços mais rápidos, gerando uma melhor experiência do usuário. Há estatísticas que apontam uma redução média de 80% no tempo de resposta a reclamações.
Assistentes pessoais como a Siri, Alexa e outros, em que muitas vezes é utilizada como facilitador para diferentes funções cotidianas, como agendar reuniões, por exemplo.
Além das predições que auxilia prever diferentes cenários e possíveis resultados, gerando melhores insights de vendas, já que ela gera uma maior personalização do atendimento ao consumidor, ou seja, um alto potencial em marketing, por exemplo. Quem nunca pesquisou no Google por algo e logo em seguida começou a receber ofertas sobre a pesquisa realizada?
Em quais mecanismos ainda não vemos com tanta frequência a IA em nosso dia a dia?
Nos mecanismos antifraude do internet banking, a IA não só identifica tentativas de ataques com mais rapidez que um humano, analisando novas modalidades de ataques que deram certo e criam, por si, formas de neutralização de novas ocorrências. Tudo isso feito via machine learning que é a prática de usar algoritmos para entender dados e deep learning, onde se usa apenas algoritmos para fazer isso, sem a supervisão de nenhum tipo de agente humano.
Nos veículos autônomos, empresas como Tesla, BMW e Mercedes já utilizam IA para disponibilizar carros autônomos e na área da saúde, onde a engenharia robótica já é explorada para poder melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas com o uso da inteligência artificial, em fins cirúrgicos e tarefas hospitalares.