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Tarefas domésticas ainda travam o empreendedorismo feminino

Levantamento mostrou que 69% das empreendedoras são as principais responsáveis pelos cuidados com a casa – Foto: Pixabay

Uma pesquisa do Sebrae Minas, sobre empreendedorismo feminino, revelou que 69% das mulheres são as responsáveis pelas atividades domésticas, enquanto apenas 31% dos homens ouvidos disseram que realizam essas tarefas. O levantamento inédito apontou ainda que 28% delas têm outra ocupação como principal fonte de renda, enquanto entre o público masculino o percentual foi de 18%.

Quando os entrevistados foram questionados se as mulheres tem mais dificuldades para ter um negócio de sucesso em relação aos homens, 68% afirmou que isso não depende do sexo. Mas, as mulheres têm um olhar diferente para a questão. 48% delas percebem que as atividades domésticas e os cuidados com os filhos sobrecarregam as empreendedoras. “Por uma questão cultural ainda é mais difícil para elas. Ainda se acredita que as mulheres são responsáveis pela gestão de casa e tomar conta dos filhos. Ao mesmo tempo em que precisam lidar com os negócios e questões financeiras”, aponta a analista do Sebrae, Rachel Dornelas.

Dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) mostram que, em 2021, a taxa de empreendedores iniciais, com até 3,5 anos, era de 54,4% para homens e 45,6% para mulheres. Já no estágio estabelecido, acima de 3,5 anos, o índice foi de 68,7% para os homens e 31,3% para as mulheres. “Essas informações confirmam as dificuldades das mulheres para se firmarem no mercado e nos desafia a pensar em soluções para apoiá-las em sua jornada empreendedora”, destaca o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva.

Outro fator para o curto período de atividade nos negócios entre as mulheres seria a falta de planejamento. De acordo com a pesquisa do Sebrae, 6 em cada 10 empreendedoras não realiza algum tipo de estudo ou plano antes de abrir a empresa. E 57% das entrevistadas afirmam que não têm baixo ou nenhum conhecimento em gestão. “Em muitos casos, as mulheres começam a empreender como uma medida emergencial para sanar uma questão financeira de momento. Quando a situação é corrigida, elas acabam largando aquele trabalho ou deixando de executar a atividade por falta de planejamento”, detalha a analista do Sebrae Minas, Izabella Siqueira.

As atividades que possuem a maior concentração de mulheres empreendedoras em Minas é o de serviços domésticos (42,1%), vendas de roupas, sapatos e acessórios (23,8%) e serviços de alimentação (14,1%) e em escala nacional os números sobem para 42,4% nos serviços domésticos, 26,6% na área de cuidados pessoais e 23,8% nas vendas de roupas, sapatos e acessórios.

A principal dificuldade enfrentada pelas mulheres nos seus negócios foi a gestão financeira, apresentada por 45% das entrevistadas. Na sequência, 35% disseram ter problemas para conciliar a vida pessoal com os negócios. Outro obstáculo percebido por elas foi o acesso a empréstimos bancários, impostos e tributos (27%) e acesso a mão de obra qualificada (25%).

Para Bárbara Castro, analista da Unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae, é necessária a participação de vários setores para apoiar a mulher no mercado de trabalho. “Sabemos que o empreendedorismo é um motor da economia e diversos agentes precisam ser envolvidos para fomentar essa questão. O Sebrae é um deles e temos soluções, iniciativas e projetos de articulação na comunidade empresarial”.

Para ajudar as donas do próprio negócio, o Sebrae lançou a iniciativa Sebrae Delas, para incentivar, apoiar e fortalecer a cultura empreendedora entre as mulheres. O programa atua em quatro frentes: inteligência, sensibilização, articulação e formação de rede e capacitação. Desde 2019, o Sebrae atendeu mais de 12 mil mulheres em Minas Gerais.

Cargos de liderança

Segundo o estudo “Mulheres em cargos de liderança no Brasil”, realizado pela Grant Thornton, em 2021, as mulheres ocupavam 29% dos cargos de liderança no Brasil. Em Minas Gerais, segundo o Sebrae, cerca de 31,3% das micro e pequenas empresas no estado eram lideradas por mulheres.

A participação do público feminino no mercado de trabalho saltou de 54,7% em 2012, para 55,8% em 2020, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em Minas, a taxa é de 54,8%.