O governo estadual resolveu apostar de maneira mais firme na candidatura do deputado Roberto Andrade (Avante) à presidência da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A incursão do parlamentar estaria a cargo do secretário de Governo, Igor Eto, com a complacência do vice-governador Mateus Simões (Novo). O tema gerou controvérsia nos meandros políticos, visto que existem outras candidaturas ligadas ao Palácio Tiradentes desde o final do ano passado, como a do atual vice-presidente da ALMG, Antonio Carlos Arantes (PL), e a do ex-líder do governo, Gustavo Valadares (PMN).
Por seu turno, os denominados independentes (oposição) ao governo continuam afiançando votos para eleger o deputado Tadeu Martins Leite (MDB) ao posto, com declarado apoio do PT e de outras siglas de esquerda que já lhe garantem 27 votos.
O emedebista e atual primeiro-secretário da ALMG tem usado a tática de não deixar pistas para os adversários, transitando entre veteranos e colegas que irão assumir os seus mandatos ainda no dia 1º de fevereiro. Amigos próximos de Tadeu consideram a estratégia um sucesso, ainda mais por se tratar de um político de fácil convivência com os seus pares.
Se o êxito de Tadeu for confirmado, venceria a tese de seus apoiadores no sentido de que a ideia básica é manter a Assembleia Legislativa com um preponderante viés de independência. Se o escolhido for Roberto Andrade, haveria, naturalmente, um alinhamento mais direto com os pensamentos e diretrizes do governador Romeu Zema (Novo).
Base dividida
Certamente, ao optar apenas por um nome para apoiar, o próprio Palácio Tiradentes está descartando outras possibilidades. O deputado Antonio Carlos Arantes, político que nunca perdeu uma eleição, possui extensa dedicação na defesa dos projetos de interesse do governo no plenário da Casa. No último pleito, em todos os municípios onde foi majoritário, a campanha de reeleição do governador Zema também foi vencedora, especialmente nas cidades da região Sul do estado.
Relativamente ao deputado Gustavo Valadares, ex-líder governista, parece ter sido abandonado pela equipe política logo na largada.
Mas todas essas incursões podem trazer consequências. Para especialistas, o governo pode até ser vitorioso ao bancar abertamente a campanha de Roberto Andrade, porém, no rescaldo dessa situação política, pode deixar um rastro de insatisfação. A manifestação negativa surgiria na hora de apreciações importantes, muito possivelmente com votos contra, sobretudo, quando se tratar de matérias de grande impacto.
No passado, alguns governadores já tentaram influenciar nessa escolha para o Legislativo, mas a conclusão foi sempre muito complexa e com resultado contrário ao imaginado pelo Palácio Tiradentes.