A Mostra de Cinema de Tiradentes chega a sua 26ª edição de 20 a 28 de janeiro e inaugura o calendário audiovisual brasileiro. Durante os nove dias de programação gratuita serão exibidos 134 filmes (38 longas, 3 médias e 93 curtas-metragens) de 19 estados, em 57 sessões de pré-estreias e mostras temáticas. Os organizadores esperam atrair cerca de 35 mil pessoas.
A Mostra vai acontecer em quatro espaços: o Largo das Fôrras (praça principal da cidade) receberá a instalação do Cine-Praça, com atrações artísticas e exposições no decorrer do dia. E durante à noite ocorrerão às sessões de cinema. No Largo da Rodoviária terá o Complexo de Tendas com o Cine-Tenda, Cine-Lounge e Cine-Café. Já o Centro Cultural Yves Alves será a sede do evento, com sala de imprensa, secretaria, exposição e ainda o Cine-Teatro. Por último, a Escola Estadual Basílio da Gama sediará o Programa de Formação. Além disso, na plataforma on-line do evento, o público poderá assistir a 40 filmes da programação e acompanhar os debates.
A coordenadora geral da Mostra de Cinema de Tiradentes, Raquel Hallak, destaca que depois de dois anos em formato on-line, retornar a Tiradentes no modelo presencial é motivo de celebração. “Vamos levar para a praça, tenda e teatro, o cinema brasileiro atual, em um cenário de grandes expectativas por um novo ciclo positivo de revitalização do setor audiovisual no país”.
Ela acrescenta ainda a importância do evento para o setor. “A Mostra tornou-se um espaço rico e generoso de exibição, formação e discussão do cinema brasileiro. Um trabalho coletivo, participativo, democrático e que sempre esteve à frente de seu tempo, atento às mudanças do audiovisual, seja do ponto de vista tecnológico ou da percepção de quem pensa, vê e faz cinema”.
“Cinema Mutirão”
Raquel explica que a temática adotada pela curadoria é o “Cinema Mutirão”. “Ela responde aos últimos três anos, quando a pandemia de COVID-19 e a ausência de políticas públicas afetaram drasticamente a economia criativa no país. A Mostra traz a questão à tona não pelo viés do lamento, e sim da ideia de ‘Cinema Mutirão’, que caracterizou o período e manteve a continuidade das produções, ainda que frágil, porém, sempre constante”.
Para representar a temática deste ano, a dupla Glenda Nicácio e Ary Rosa foi escolhida para receber a homenagem de 2023. Mineiros de nascimento (ela de Poços de Caldas, ele de Pouso Alegre), radicaram-se em Cachoeira (BA) em 2010, ao irem estudar cinema na Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB).
Fundaram a produtora Rosza Filmes e, desde então, fazem alguns dos títulos mais celebrados do cinema brasileiro contemporâneo, construindo uma vasta comunidade local de realizadores, inclusive em projetos de educação audiovisual. Glenda e Ary assinaram a direção conjunta de cinco longas-metragens: “Café com Canela” (2017), “Ilha” (2018), “Até o Fim” (2020), “Voltei!” (2021), “Mugunzá” (2022) e “Na Rédea Curta” (2022). Glenda ainda dirigiu um projeto solo, o média-metragem “Eu não Ando Só” (2021).
O coordenador curatorial da Mostra, Francis Vogner dos Reis, exalta a singularidade do trabalho da dupla, que é um esforço coletivo para somar as pequenas diferenças em um território comum que é a região de efusiva cultura negra dos municípios baianos de Cachoeira, São Félix e Muritiba. “Celebrar o trabalho da Rosza Filmes pode nos orientar para a reflexão e a prática de um audiovisual do século XXI tão grande, diverso, complexo e fascinante quanto o país pode ser nas suas identidades e diferenças”.
Experiências
Raquel afirma que a organização está trabalhando para oferecer uma programação abrangente e intensa para agradar todas as idades. “Queremos que as pessoas tenham uma experiência audiovisual recheada de atrações, em um cenário cinematográfico que é a cidade de Tiradentes”.
A jornalista Helen Oliveira, de Belo Horizonte, conta que já participou de duas edições. “Gosto desse evento porque a produção sempre traz uma novidade, com o objetivo de evidenciar o cinema nacional. A programação é bem planejada e feita em uma cidade fascinante, que eleva tudo que temos de melhor. A Mostra faz a gente se apaixonar pelo cinema, pelas histórias e os personagens”.
Já a atriz Thaís Azevedo, de Sete Lagoas, destaca que é muito relevante acompanhar a produção nacional de cinema, ainda mais por causa de sua profissão. “O network e as oficinas de formação são de grande importância. Minha expectativa é conseguir aproveitar ao máximo a programação e acredito que será incrível”.
Programação:
– Na abertura, será prestada homenagem a dupla de cineastas Ary Rosa e Glenda Nicácio e a performance audiovisual apresenta a temática “Cinema Mutirão”. O 26ª Seminário do Cinema Brasileiro reúne mais de 150 profissionais (críticos, realizadores, produtores, atores, acadêmicos, pesquisadores e jornalistas) em 40 encontros e debates, diálogos do audiovisual, rodas de conversa e bate-papos no Cine-Praça com a presença dos artistas, diretores e diretoras que estarão exibindo seus filmes na Mostra;
-Em uma iniciativa inédita, será realizado o 1° Fórum de Tiradentes – Encontros pelo Audiovisual Brasileiro, de 21 a 25 de janeiro, para o diagnóstico dos pontos críticos da atividade e a construção de balizadores para a formulação de novas políticas públicas;
– O evento promoverá também o Programa de Formação que oferece 12 modalidades – 9 oficinas, um laboratório de documentário e três masterclasses com a oferta de 445 vagas. Para o público infanto-juvenil terá a Mostrinha de Cinema e Mostra Jovem, com atrações artísticas para todas as idades, exposições, performances, shows e arte por toda parte;
-Segundo a organização, em caso de chuva, as sessões de cinema do Cine-Praça serão transferidas para o Cine-Teatro, mantendo os mesmos dias e horários. A programação completa e mais detalhes sobre a Mostra estão disponíveis em www.mostratiradentes.com.br.