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Paralisia de Bell: incidência da doença é de 20 a 30 casos em 100 mil habitantes

Foto: iStockphoto

 

A paralisia de Bell é uma alteração na movimentação dos músculos da face. Geralmente, ocorre em apenas um lado devido a uma inflamação ou mudança no nervo facial responsável por fazer essa musculatura se movimentar. Conforme um estudo feito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), estima-se que a incidência da doença é de 20 a 30 casos em 100 mil habitantes. Ainda segundo a pesquisa, embora seja comum uma piora do quadro nas primeiras 48 horas, a maioria dos pacientes evolui para a recuperação dentro de poucas semanas.

O otorrinolaringologista Diego Guzman informa que essa patologia é o que chamamos de paralisia idiopática, ou seja, sem causa definida. “Dessa forma, descartamos alterações de glicemia e de infecções virais, hipertensão, algumas doenças neurológicas, tumores, entre outros”.

De acordo com o especialista, outra característica é uma evolução benigna, no sentido de que há uma alta taxa de recuperação. “Em outras doenças, isso pode levar mais tempo ou as sequelas serem maiores”.

Guzman acrescenta que, em geral, a paralisia de Bell ocorre em adultos jovens, entre 30 e 50 anos, sem preferência por gênero.

Indícios

O otorrinolaringologista destaca que o principal sintoma da doença são alterações da movimentação da musculatura da face. “O paciente pode apresentar dificuldade para fechar os olhos, sorrir e, em alguns casos, sentir um leve desconforto ou dor na região”.

Outros sinais que merecem destaque são comprometimento do paladar em parte da língua, incapacidade de erguer a sobrancelha ou franzir um lado da testa, hipersensibilidade auditiva (hiperacusia), dor de cabeça e de ouvido, menor produção de lágrimas e de saliva ou lacrimejamento e salivação abundantes. Há também flacidez facial, ocasionando dificuldade para assoprar, assobiar e conter líquidos dentro da boca.

Guzman ressalta que não é comum haver complicações mais graves. “O que podemos notar é a sequela na região facial. Em alguns episódios, ocorre do paciente não recobrar todos os movimentos de forma completa, mesmo com o tratamento adequado”.

Diagnóstico

Segundo o otorrinolaringologista, o diagnóstico é realizado por meio de exame físico. “Avaliamos a musculatura da face e testamos outros pares cranianos, além de uma análise neurológica mais completa. Excluídas outras alterações, temos o resultado presumido de paralisia de Bell. Tomografia, ressonância e pesquisas laboratoriais também devem ser feitas para excluir outras causas de paralisia facial”.

O auxiliar administrativo Alexsander Itamar, 28 anos, sofre com a doença e conta que nunca havia escutado nada sobre essa patologia. “Comecei a sentir os primeiros sintomas no final de maio. Percebi um desconforto no céu da boca, mais precisamente do lado esquerdo, que acabou afetando meu olho e minha boca. “Há mais ou menos 2 meses, faço fisioterapia para recuperar a movimentação facial. Já senti uma melhora, mas confesso que ainda não está 100%”.

Tratamento

Guzman adverte que, no tratamento, o mais importante é a realização de medicação oral. “Os corticoides são os mais utilizados para conter a paralisia facial de Bell. É preciso também ter atenção especial aos olhos, já que a doença pode afetar o fechamento da pálpebra superior. Quando nos deparamos com essa situação, prescrevemos a lubrificação com colírio e orientamos o paciente a fechar os olhos e prendê-los com micropore na hora de dormir. Dessa forma, o olho não fica exposto à noite e evita o ressecamento”.

Ele conclui dizendo que, na maioria dos casos, esses cuidados resolvem a paralisia e o movimento da musculatura da face é retomado. “Porém, uma pequena parcela pode ter sequelas com a manutenção de paralisia residual”.