Ninguém soube explicar os motivos que culminaram com o imprevisto afastamento de Custódio Mattos da Secretaria de Governo. Uma linha de pensamento vinda de Brasília pode indicar que essa decisão do governador Romeu Zema (Novo) se deve ao fato dele precisar de boa performance política junto a bancada federal, especialmente, quando a Câmara Federal for votar a PEC, incluindo os estados e municípios na reforma da Previdência.
O Palácio do Planalto teria prometido ajudar o governo do estado a sair da crise financeira desde que houvesse empenho de Zema, visando abarcar o maior número de apoio dos parlamentares mineiros, assim como o poder central que espera contar com o apoio de outros governadores do país durante a votação da referida matéria no plenário.
Se essa especulação tem fundamento, está aí a justificativa para a nomeação do deputado federal do Democratas, Bilac Pinto, para a Secretaria de Governo. Ele, segundo consta, está com bom trânsito junto aos seus colegas mineiros e tem fácil acesso ao gabinete do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), o político mais prestigiado do Brasil, ultimamente.
Bastidores da Assembleia
Segundo especialistas, a saída do Custódio Mattos irá refletir na sucessão municipal de sua cidade natal, Juiz de Fora, o quarto maior colégio eleitoral do estado. Atualmente, o município é comandado pelo tucano Antônio Almas, considerado um prefeito bem avaliado pela população local. Já outro tucano de alta plumagem, Marcos Pestana, assumiria uma vaga na Câmara, exatamente por conta da licença de Bilac Pinto.
Em Belo Horizonte, segundo sondagens, o agora ex-secretário Custódio não teve, ao longo de 8 meses, uma boa convivência com o denominado “grupo rígido” da Cidade Administrativa. Houve sempre a má vontade para com ele, advinda de membros do Partido Novo, rixa iniciada desde a sua indicação. Agora, a coordenação política de Zema terá de juntar os cacos, resultantes dessa estabanada demissão. A bancada dos 7 parlamentares do PSDB está dividida.
O primeiro vice-presidente da Casa, o tucano Antônio Carlos Arantes lembra que o seu colega de tucanato foi para o secretariado por indicação do governador, não tendo sido, naquela oportunidade, chancelado pelo grupo. Agora, sua demissão, também foi uma decisão exclusiva de Zema. Segundo avalia o parlamentar, não haveria necessidade de comunicar o ocorrido aos deputados de partido, já que eles não tinham responsabilidade pela indicação. Apesar disso, Arantes lamentou a saída e disse: “Ele é um homem sério, um político habilidoso e um mineiro exemplar”.
Na prática, resta à coordenação política da Cidade Administrativa continuar fazendo contatos para tentar organizar a lista de deputados dispostos a continuarem apoiando o governo mineiro, principalmente nas votações de matérias essenciais e também nos temas polêmicos, como a reforma Fiscal do estado e a venda da Cemig e Copasa. Aquele modelo de bancadas de apoio irrestrito aos atos do governo, dificilmente se constataria nesta atual administração, sobretudo agora, quando os parlamentares do PSDB estão ainda mais divididos em relação à convivência com o Executivo.