O décimo primeiro mês do ano já se consolidou como o período de campanhas de conscientização sobre a saúde do homem. O Novembro Azul foca na prevenção e no combate ao câncer de próstata. A doença é a segunda maior causa de óbito entre a população masculina. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 66 mil casos foram diagnosticados no Brasil em 2021. Já o câncer colorretal atinge indistintamente homens e mulheres, acometendo mais de 40 mil pessoas no ano passado. Apesar dos dados, as duas doenças possuem altas chances de cura quando são descobertas em estágio inicial.
O presidente da Sociedade Brasileira de Urologia de Minas Gerais (SBU-MG), Bernardo Pace, explica que o câncer de próstata provoca uma alteração do tecido prostático. “Está relacionado ao envelhecimento da população e não tem uma causa específica. Com o passar da idade, o homem fica mais suscetível a desenvolver a doença. O histórico familiar é outro fator e o risco aumenta para o paciente, caso parentes de primeiro grau já tenham tido a patologia. Hábitos alimentares ruins e tabagismo também podem contribuir para o seu surgimento”.
O câncer de próstata é uma doença silenciosa. “Na maioria das vezes, a pessoa não tem sintoma algum em sua fase inicial. Mas os principais que podem indicar algo errado são enfraquecimento do jato urinário, micção frequente, dor, dificuldade ou sangramento ao urinar. Por isso, os testes de rotina são muito importantes para detectar precocemente o problema”.
Pace alerta que todo homem, a partir dos 45 anos, deve fazer anualmente o exame de toque. “Ele é feito no próprio consultório e leva apenas alguns segundos. A próstata é uma glândula em formato de maçã e localizada abaixo da bexiga. Também deve ser realizado o Antígeno Prostático Específico (PSA) como forma complementar, que é por meio de uma amostra de sangue. Se diagnosticado no início, a chance de cura para o câncer de próstata pode chegar até 90%”.
Ele esclarece que existem três modalidades de tratamento. “A primeira é por meio da cirurgia para retirada da próstata. Existem várias técnicas modernas para realização do procedimento, levando a excelentes resultados funcionais e oncológicos. Em alguns casos, é recomendada a radioterapia. Já a braquiterapia é mais uma alternativa que pode ser utilizada. Todos os casos e o melhor tratamento devem ser avaliados pelo urologista e dependem do estágio da doença”, conclui.
Câncer colorretal
O câncer de cólon e reto, também conhecido como câncer colorretal, é uma doença que se localiza no intestino onde os tumores se iniciam na parte do intestino grosso (cólon) e vão até o reto e ânus. De acordo com a coloproctologista Camila Oliveira, as causas estão relacionadas com a genética e má alimentação. “Comidas gordurosas, carnes processadas e vermelhas e pouca ingestão de fibras, assim como tabagismo e alcoolismo, aumentam as chances de o indivíduo desenvolver câncer colorretal”.
O principal exame para detectar a doença é a colonoscopia. “É feito com o paciente sedado. Um tubo com uma câmera na ponta é introduzido no reto para verificar a saúde dessas estruturas. O rastreio acontece a partir dos 45 anos, mas a patologia é mais prevalente após os 50 anos. Existem alguns sintomas que devem ser observados, como cólicas, diarreia, dificuldade para evacuar, sangramento nas fezes e dor abdominal”.
Camila reforça que quando o diagnóstico da doença é feito no início, as taxas de cura são acima de 90%. “Dentre os procedimentos disponíveis estão cirurgia, radioterapia e quimioterapia. O tratamento pode unir vários desses métodos ou apenas seguir um deles”, afirma.
Vencendo a doença
O gerente de RH, Marcos Antonio Santos, foi diagnosticado com câncer aos 47 anos. “Fazendo os testes periódicos da empresa, o médico constatou que o PSA estava um pouco alto e me aconselhou a buscar um urologista. Durante a consulta, o especialista realizou o exame de toque, verificou que a próstata estava aumentada, mas a suspeita era de inflamação no órgão. Tomei medicação e retornei em duas semanas”, relata.
Ele conta que não sentia nenhum tipo de dor ou desconforto. “Na volta ao médico, repeti os exames e a próstata tinha aumentado mais. O profissional pediu uma biópsia e o laudo deu que era câncer. Um silêncio no consultório, fiquei sem chão e só pensava nas minhas filhas. Era um tumor pequeno e o urologista disse que havia tratamentos, mas o melhor seria fazer a cirurgia”.
Santos revela que ficou com medo de realizar o procedimento e ficar com incontinência urinária ou impotência sexual. “Li muito relatos de homens que passaram pelo problema. O médico disse que isso poderia acontecer, mas as técnicas utilizadas eram avançadas. Eu queria resolver e me livrar logo desse tumor. Fiz a cirurgia robótica e tudo correu muito bem. Em cerca de 4 meses as coisas se normalizaram. Acredito que o diagnóstico precoce foi o principal fator para eu ainda estar vivo e com saúde”.