Home > Economia > Vagas temporárias no comércio mineiro podem superar índice do ano passado

Vagas temporárias no comércio mineiro podem superar índice do ano passado

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Segundo uma pesquisa, realizada pelo Núcleo de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio/MG), 14,8% dos empresários mineiros pretendem contratar funcionários temporários neste último trimestre. Esse índice é 2,1 pontos percentuais acima da intenção de 2021 (12,7%).

A oferta de vagas será maior ou igual ao ano passado para 50,9% dos entrevistados. O estudo foi realizado em 385 estabelecimentos no comércio varejista de Belo Horizonte, Betim, Contagem e Uberlândia, cidades que têm o maior impacto no Produto Interno Bruto (PIB).

A análise aponta ainda que entre os cargos de maior destaque estão vendedores (77,19%), operadores de caixa (22,81%) e estoquistas (15,79%). Ao todo, 42,2% das empresas possuem uma perspectiva elevada para efetivação de colaboradores, que ocorrerá, principalmente, em janeiro de 2023.

O economista e especialista em finanças públicas, Gustavo Aguiar, pontua alguns fatores que influenciam no aumento desse índice. “A retomada econômica que temos visto em 2022, com os indicadores prevendo um crescimento acima dos 2% do Produto Interno Bruto (PIB), após um longo período de desenvolvimento estável; a inflação que está convergindo para o teto da meta no segundo semestre e a redução do desemprego na série histórica. Tudo isso contribui para uma melhora do cenário econômico. Também há outros eventos que podem provocar essa evolução do comércio, como a Copa do Mundo e a Black Friday, além da injeção de recursos no final do ano, como o 13º salário, que alimenta o consumo das famílias”.

Aguiar destaca que, de acordo com os indicadores, tanto do mercado quanto do governo, a economia brasileira está se recuperando. “Porém, 2023 ainda inspira preocupação. O que podemos dizer é que essa retomada não é em longo prazo, porque algumas projeções assinalam que, no próximo ano, o atual governo pode deixar um rombo de R$ 400 bilhões, o que afeta o déficit fiscal e toda política econômica da próxima administração. Existe um cenário de instabilidade internacional com a guerra da Rússia contra a Ucrânia, a questão do aumento inflacionário em vários países e uma queda do preço das commodities. Tudo isso pode afetar nossa economia”.

Projeção nacional

Em nível nacional, a projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é que sejam contratados 109,4 mil empregados temporários no país. Essa deve ser a maior oferta de vagas desse tipo em 9 anos. A estimativa da CNC é que a taxa de efetivação seja de 11%, o que representa 3 pontos percentuais a menos do que em 2021.

Regionalmente, São Paulo (30,3 mil), Minas Gerais (12,2 mil), Paraná (8,9 mil) e Rio de Janeiro (8 mil) vão concentrar 54% da oferta de vagas para o Natal. As previsões são baseadas em aspectos sazonais das admissões e desligamentos no comércio varejista, registrados, mensalmente, pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Aguiar elucida que os postos temporários têm grande importância para nossa economia. “Geralmente, são oportunidades de emprego formal e com carteira assinada, ou seja, trabalhos de maior qualidade e experiência profissional. Isso aumenta as possibilidades dessas pessoas voltarem ao mercado, o que acaba gerando um acréscimo de renda, influenciando também no comércio e nas atividades econômicas de fim do ano”.

Ele acrescenta que essas vagas impactam nos índices de desemprego no período de novembro a janeiro. “Contudo, em fevereiro, a gente já costuma ver uma redução. Então precisamos saber qual será o cenário econômico no final de 2022 para constatar se esses postos podem se tornar permanentes ou se só terão impacto nesse período de 3 meses”.

Alta no Natal

A previsão da CNC é que haja aumento de 2,1% nas vendas de fim de ano no varejo como um todo. O ramo de hiper e supermercados tende a registrar alta de 4,8%, já descontada a inflação, porém nas lojas de utilidades domésticas e eletroeletrônicos elas devem cair 3,4% frente a 2021.

Aguiar esclarece que esse fator está relacionado com o aumento da taxa de juros, que encarece o crédito ao consumidor e dificulta a compra desses produtos. “Isso se deve também a inflação sobre os alimentos que acumula alta de mais de 10%, majorando seus preços. As prioridades acabam tornando a aquisição de alimentos para confraternização das famílias”.