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Envolvimento de Aécio e Anastasia em denúncias vira pesadelo político

O Ministério denunciou Aécio Neves | Jefferson Rudy/Agência Senado

 

A todo custo, o deputado federal mineiro Aécio Neves (PSDB) busca se desvencilhar das investigações focadas nas licitações irregulares acontecidas em sua administração, especialmente no tangente à construção da Cidade Administrativa, sede do governo mineiro. O tema voltou ao noticiário semana passada, diante de um acordo entre o governo mineiro e a construtora Andrade Gutierrez. A empresa aceitou devolver o montante de R$ 128,9 milhões aos cofres estaduais, como forma de reparar, por intermédio do controlador-geral do Estado, Rodrigo Fontenelle, um reajuste de contas.

Aécio se diz inocente em relação ao tema, no entanto, o acordo de leniência entre a construtora e Controladoria compreende o período de 2004-2011, exatamente quando o tucano governava Minas Gerais. Esse assunto vem sendo objeto de controvérsia ao longo dos últimos anos, a ponto de, no fim de 2020, o Ministério Público (MP) estadual denunciá-lo, por conta de lavagem de dinheiro e corrupção.

Outros nomes entram nessa lista, inclusive o ex-todo-pedroso presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), Oswaldo Borges da Costa, visto por todos como “eminência parda” na administração de Aécio Neves, no Palácio da Liberdade.

Quem também procura sucumbir no anonimato na hora de comentar sobre o tema é o atual senador Antonio Anastasia (PSD). Contudo, seu nome também está no rol do MP como um dos autores de parte das possíveis irregularidades. Ele, na qualidade de vice-governador, assumiu o comando de Minas Gerais em 2010, período de conclusão das obras da Cidade Administrativa e, portanto, por mais que ele queira se distanciar dessa polêmica, juridicamente, a previsão é de muitos aborrecimentos.

Ainda sobre Anastasia, seu passado político sempre foi de ligação a Aécio. Na primeira fase tucana em Minas, comandou a Secretaria de Estado do Planejamento. Depois foi eleito vice-governador em substituição ao empresário Clésio Andrade. Em 2010, diante da renúncia de Aécio, para se candidatar ao Senado, Anastasia passou a comandar o estado. Foi reeleito em 2012 e, 4 anos depois, sagrou-se vitorioso na disputa a uma vaga na Casa Legislativa. Quando seu padrinho político entrou em desgraça política, diante de denúncias nacionais, Anastasia abandonou o grupo, desfilou-se do PSDB e migrou para o PSD, partido do qual ainda faz parte. Com isso, passou a rezar a cartilha do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, tendo como seu novo orientador nacional, o presidente da sigla, Gilberto Kassab.

Nos meandros políticos, a análise é que se essas questões judiciais permanecerem, Aécio e Anastasia poderão “morrer abraçados” no que se refere ao projeto político para 2022. O impasse é que dizer que não existe nada que manche seus nomes nos atos denunciados é ir contra a própria decisão da Andrade Gutierrez de aceitar o acordo de leniência. Aliás, fato inédito e que resultou, até agora, nessa devolução milionária. Fora isso, o processo contra os agentes públicos envolvidos nesse cenário continua correndo nas esferas criminais.