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BH tem o maior aumento no preço da cesta básica

Foto: Pixabay

 

Belo Horizonte registrou o maior aumento no preço da cesta básica no mês de setembro, segundo a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Apesar do acréscimo, o valor do conjunto de alimentos diminuiu em 12 das 17 cidades analisadas.

A capital mineira registrou um avanço de 1,88%, seguida por Campo Grande (1,83%), Natal (0,14%), São Paulo (0,13%) e Florianópolis (0,05%). Já as maiores reduções ocorreram em Aracaju (-3,87%), Recife (-3,03%), Salvador (-2,88%) e Belém (-1,95%).

A técnica do Dieese, Isabella Oliveira, informa que o preço da cesta básica é afetado por uma série de fatores, como os climáticos e cambiais. “A valorização e desvalorização do real frente ao dólar, uma vez que muitas mercadorias são importadas e exportadas; e a política de valores dos combustíveis, que também causou esse aumento”.

A metodologia de cálculo, realizada pelo Dieese, considera o preço de 13 itens. Isabella lembra que existem variações também em relação aos hábitos alimentares de cada região. “No Norte e Nordeste, por exemplo, não é pesquisada a batata inglesa. No lugar dela, entra a farinha de mandioca. Em outras localidades, o feijão carioquinha é trocado pelo feijão preto, enquanto que o açúcar refinado é substituído pelo açúcar cristal”.

Em BH, a lista de alimentos analisados foram arroz, feijão carioquinha, café, açúcar cristal, farinha de trigo, tomate, batata inglesa, banana, manteiga, leite integral, carne bovina, pão de sal e óleo de soja.

A técnica do Dieese ressalta que, em setembro, o óleo de soja, que vinha tendo um crescimento constante, apresentou redução. “Ele caiu, em média, 5,93% nas demais capitais, porém, em BH, esse declínio foi de 0,86%, o que ajuda a explicar o preço mais elevado. A batata teve uma alta de 9% em outras regiões, mas o acréscimo na capital foi de 20,1%. Outro exemplo é a banana, que subiu, em média, de 9% em 15 localidades, no entanto, a elevação para os belo-horizontinos foi de 27,84%. . E essa diferença reflete no valor final”.

 

Tendência de alta

A economista Gabriele Couto comenta que o contexto inflacionário vivenciado pelo Brasil teve forte impacto no valor da cesta básica. “Por outro lado, nos últimos 3 meses, o país registrou deflação, o que tende a impactar de maneira positiva, do ponto de vista do consumidor, o preço dos itens. Com a inflação desacelerando, a expectativa é de que a tarifa se estabilize, podendo apresentar novos recuos”.

Isabella lembra que, desde o início da pandemia de COVID-19, têm ocorrido altas nas cotações dos alimentos. “É difícil reverter isso em um curto prazo. Assim, podemos ter uma oscilação para baixo, mas nada que seja capaz de recuperar esse aumento tão significativo que vem acontecendo. Só nos últimos 12 meses, em BH, houve um avanço de 11,59%”.

A comparação dos valores da cesta básica, entre setembro de 2022 e setembro de 2021, mostrou que todas as capitais tiveram alta de preço, com variações que oscilaram entre 8,41%, em Vitória, e 18,51%, em Recife. Este ano, o custo também tem apresentado elevação em todas as cidades examinadas, com destaque para Belém (11,78%), Campo Grande (10,87%), Brasília (10,56%), Goiânia (10,29%) e João Pessoa (10,08%).

Salário mínimo x Cesta básica

De acordo com a pesquisa, e considerando a cesta básica mais cara, que foi a de São Paulo, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ser R$ 6.306,97, ou 5,20 vezes o valor atual de R$ 1.212.

Para Gabriele, isso mostra que o trabalhador, com base no piso nacional, gasta 58,10% da renda com a compra de alimentos básicos. “O item é fundamental à sobrevivência e a redução dos valores ajuda a equilibrar o orçamento das famílias, que precisam cobrir outros custos, como moradia, transporte, saúde e educação, etc”.

A economista ressalta que fazer um planejamento é essencial. “Definir quanto será destinado para a alimentação e acompanhar o orçamento. Antes das compras, faça uma lista e tente segui-la à risca. Além disso, os consumidores podem buscar produtos mais baratos e até mesmo substituí-los por marcas similares”.