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Mais de 52 mil casos de câncer de mama surgem por ano no país

Confirmação do diagnóstico em estágios iniciais da doença aumenta as chances de cura / Foto: Pixabay

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres, além de ser o segundo mais frequente no mundo. O Ministério da Saúde estima que, no país, mais de 52 mil casos surjam por ano, atingindo uma em cada três brasileiras.

Uma delas foi a costureira Lívia Castanho, 53 anos. Ela diz que, quando recebeu o diagnóstico, a primeira coisa que passou em sua cabeça era que iria morrer. “Estava assustada e pessimista. Tive apoio da minha família, marido e filhos, o que foi essencial para a recuperação. A psicoterapia também me ajudou a não me entregar e enxergar que eu era mais que aquela doença. Comecei o tratamento ainda nos estágios iniciais, não foi nada fácil, mas não desisti. Hoje, faço acompanhamento, entretanto, me sinto curada e dou mais valor à vida e às pessoas que me cercam”.

Pela Lívia e tantas outras mulheres, a campanha Outubro Rosa é uma forma de conscientizar sobre a importância das medidas de prevenção, facilitando um diagnóstico precoce e com chances de cura de até 95% dos casos.

Atenção, mulheres!

Ainda segundo o Inca, essa é a primeira causa de morte por câncer na população feminina em todas as localidades do país, exceto na região Norte, onde o de colo do útero ocupa essa posição. A taxa de mortalidade, ajustada pela população mundial, foi 11,84 óbitos/100.000 mulheres, em 2020, com as maiores percentagens no Sudeste e Sul, com 12,64 e 12,79 óbitos/100.000, respectivamente.

A mastologista, fundadora e presidente da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), Maira Caleffi, esclarece que o sintoma mais comum do câncer de mama é o aparecimento de um nódulo. “No entanto, existem outros sinais que servem de alerta, como inversão ou descamação, presença de secreção clara ou sanguinolenta no mamilo, inchaço e vermelhidão da mama”.

Ela acrescenta que, aproximadamente, 10% dos casos atuais são de origem genética. “A idade é um dos principais fatores de risco. É relativamente raro antes dos 35 anos, mas, acima desta faixa etária, a incidência cresce rápida e progressivamente. Deste modo, a realização dos exames de rotina aliados à mamografia são instrumentos fundamentais no controle da doença”.

A psicóloga e diretora de saúde mental, Luciene Bandeira, destaca que o diagnóstico é enfrentado pela paciente como um momento de intensa angústia, onde a possibilidade de morte e mutilação estão presentes. “Naturalmente, cada mulher vivencia de forma individual essa experiência, mas os sentimentos mais comuns são raiva, tristeza, inquietação, ansiedade, angústia, medo e luto”.

A descoberta pode ocasionar um forte abalo na identidade, uma vez que a mama está relacionada à feminilidade, ao prazer, sensualidade, além de estar ligada à maternidade. “Aceitar sua condição e adaptar-se à nova imagem do seu corpo, exige um esforço grande para o qual essa mulher não está preparada. Por isso, na maioria das vezes, ela pode se isolar e recusar a ter relações sexuais, por acreditar que não é mais atraente. Poder contar com o apoio do companheiro é essencial”, diz Luciene.

O preconceito da sociedade em relação ao câncer de mama faz com que muitas mantenham segredo sobre a doença. Uma boa rede de apoio social (família e amigos) pode ser um fator de proteção e recuperação da saúde. “O suporte social promove efeitos sobre o sistema imunológico, fortalece a autoconfiança e aumenta a capacidade das pessoas de enfrentarem situações adversas”, finaliza.

Cuidado

O Inca informa que o tratamento varia de acordo com o estágio da doença, suas características biológicas, bem como das condições da paciente (idade, menopausal, comorbidades e preferências). Sendo assim, as modalidades podem ser divididas em tratamento local: cirurgia e radioterapia (além de reconstrução mamária) e tratamento sistêmico: quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica.

Segundo Maira, mesmo após a realização do tratamento, existe a possibilidade de o câncer voltar. “Chamamos isso de recidiva e essa probabilidade aumenta nos casos em que o diagnóstico é dado em estágio avançado. Por isso, é importante que essas pacientes intensifiquem os cuidados e mantenham os exames de rotina de acordo com a recomendação médica”.