Está no painel dos debates, em todo Brasil, o propalado empoderamento feminino, cuja busca é equalizar as atividades, diante de uma realidade estatística que indica que elas são maioria entre a população do país. Embora ainda faltem muitas conquistas, especialmente no tangente a ocupação em cargos corporativos de liderança, conforme apontam inúmeras pesquisas, onde fica clara a desigualdade entre homens e mulheres, esse cenário precisa mudar, até porque, o sexo feminino tem uma preponderante capacidade de revolucionar a gestão da empresa e trazer impactos nos negócios com muita inovação, engajamento e inspiração.
A discriminação contra as mulheres não ocorre apenas nas grandes empresas. O tema é recorrente desde os primórdios dos séculos, quando do próprio descobrimento do Brasil, elas eram responsáveis, exclusivamente, pelas atividades domésticas, não podendo sequer terem direito ao voto. E essa realidade se prolongou por tempos a fio. Não havia direitos reconhecidos, a não ser a exigência da procriação. As profissões liberais, como advogados, médicos e engenheiros, eram sempre primazias masculinas.
A verdade é que somente, no século passado, começaram a haver mudanças substanciais neste sentido, inclusive por conta de leis que foram criadas. Mesmo assim, ainda de maneira tímida, em Minas, no âmbito da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), até a década de 1990, o plenário principal da Casa, onde os parlamentares procedem às votações, só tinha banheiro masculino. Coube a então deputada estadual Vera Coutinho bater pesado e exigir uma mudança no recinto. Depois disso, foi construindo um espaço para atender aos dois sexos. E essa situação se repetia pelo país afora ao longo de muitos anos.
Recentemente, foi divulgada uma pesquisa pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontando que 62,6% dos cargos gerenciais eram ocupados pelos homens até 2019, e mais, a maior desigualdade por sexo foi encontrada nos 20% da população ocupada com os maiores rendimentos do trabalho principal, sendo 77,7% para eles contra 22,3% para elas. Mas, a situação torna-se ainda mais crítica, em relação à desigualdade das faixas etárias mais elevadas, entre pessoas de 60 anos ou mais, 78,5% dos cargos gerenciais eram ocupados por homens, contra 32% pelas mulheres.
Os números do IBGE constatam que elas recebem 77,7% do rendimento deles. Enquanto, a rentabilidade média mensal masculina era de R$ 2.555 e a feminina de R$ 1.985. Essa projeção torna-se ainda mais danosa entre as pessoas de grupos ocupacionais com maiores ganhos, como diretores e gerentes. Neste caso, as mulheres recebem, respectivamente, 61,9% e 63,6% em relação ao rendimento do sexo masculino. Especialistas dizem que o ideal é diminuir esta diferença, e nesse cenário a esperança é chegar à média dos 50%, ou seja, igualdade de condições para que a harmonia seja plena, no ambiente de trabalho e também dos negócios.
O preconceito entre as mulheres negras, segundo o levantamento estatístico, é ainda mais elevado, até porque, essa classe foi sempre desencorajada no sentido de se arriscar como empreendedoras. Mas, talvez seja esse um dos caminhos para se adquirir a independência financeira, ou seja, tornando-se autônomo em relação aos companheiros, fazendo crescer, inclusive, o mercado de oportunidades para elas.