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Pequenos negócios geraram 72% das vagas de trabalho no primeiro semestre

As micro e pequenas empresas foram responsáveis por 961,2 mil vagas de emprego no país / Foto: Pixabay

Segundo levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, nos 6 primeiros meses de 2022, as micro e pequenas empresas (MPEs) foram responsáveis por 961,2 mil vagas no país. O número equivale a 72,1% dos cerca de 1,33 milhão de empregos gerados no total.

Apresentando destaque, o setor de serviços criou 533 mil vagas no semestre, a construção e a indústria da transformação aparecem na 2ª e na 3ª posições, com 168,8 mil e 126,3 mil empregos criados, respectivamente. Já no comércio, as MPEs abriram 90.600 postos de trabalho de janeiro até julho.

Apenas em junho, os negócios de menor porte foram responsáveis pela abertura de 63,6% das vagas formais, com 176,8 mil de um total de 277,9 mil postos de trabalho criados no mês passado. Do total gerado no sétimo mês, o segmento de serviços abriu 78 mil empregos.

A estimativa do Atlas dos Pequenos Negócios, lançado pelo Sebrae no dia 5 de julho, mostra que os mesmos geram renda em torno de R$ 420 bilhões por ano, o equivalente a cerca de um terço do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo o levantamento inédito, os negócios de menor porte injetam R$ 35 bilhões por mês na economia brasileira.

A pesquisa analisou a participação na economia de microempresas, pequenas empresas e microempreendedores individuais (MEIs). De acordo com a publicação, os MEIs geram R$ 11 bilhões todos os meses, o que significa R$ 140 bilhões por ano. As micro e pequenas geram mensalmente R$ 23 bilhões, movimentando R$ 280 bilhões por ano. Atualmente, os negócios de menor porte correspondem a 30% do PIB.

Ainda segundo o Sebrae, mais de 40% da massa salarial tem origem em uma micro ou pequena empresa. Ou seja, do total de salários pagos na economia, quase a metade ocorre neste segmento, que ainda constitui a maior parte do ecossistema empresarial, respondendo por mais de 85% das empresas brasileiras.

“As microempresas (ME) e as empresas de pequeno porte (EPP) são as grandes potências econômicas, responsáveis por sustentar grande parte dos empregos no país, gerar boa parcela da receita dos órgãos com arrecadações de tributos e fazer a economia girar, impactando na oferta e consumo da população. O país e a população brasileira dependem delas para sobreviver. Com a regularização do MEI e o aumento de atividades que podem optar por este regime, associado à Reforma Trabalhista realizada em 2017, o crescimento dos trabalhadores autônomos foi impulsionado”, declara o especialista em gestão de negócios, Richard Clayton.

A importância dos pequenos negócios ficou ainda mais evidente durante a COVID-19, com muitos deles sobrevivendo às restrições impostas pela crise sanitária. “A retomada desses estabelecimentos no Brasil possui alguns fatores importantes, o primeiro é a demanda reprimida que a pandemia trouxe, aliada a esse fator, temos o próprio incentivo do governo com Auxílio Brasil e outros benefícios. Além disso, o Brasil é um dos países que está tendo uma recuperação, conseguindo controlar a inflação e melhorar o cenário financeiro”, diz Clayton.

Para o especialista, o governo precisa continuar controlando a inflação para amortizar o custo de consumo dos brasileiros. “Reduzir a taxa básica de juros (Selic) e gerar um ambiente favorável e rentável para empreender, ofertando mais crédito para o mercado financeiro. Um dos pontos cruciais é o governo conseguir entregar uma estabilidade política, além de segurança jurídica a investidores para que se possa atrair capital estrangeiro para infraestrutura e demais setores que ajudam no desenvolvimento do país e no aumento da renda da população”.

Ele enfatiza que é difícil fazer uma previsão para as empresas, uma vez que ainda há uma demanda reprimida causada pela pandemia e uma economia ainda sendo amparada por auxílios por parte do governo. “Quando olhamos para o mundo, a sensação de recessão é grande e isso se torna um grande desafio para o Brasil, um país muito refém de commodities e subdesenvolvidos. O que podemos prever é que 2023 será decisivo para as empresas, pois pode ser o ano da retomada, por isso se torna mais do que necessário os empresários se prepararem”.

Após ficar desempregada na pandemia, Clara Lima, resolveu empreender. Como seu brigadeiro era bastante elogiado por amigos e parentes, ela juntou o pouco de dinheiro que tinha, comprou ingredientes e começou a produzir para vender. Com o tempo, conseguiu um lucro maior do que o esperado e, assim, procurou se especializar profissionalmente em confeitaria. “Criei um perfil no Instagram e, hoje, às vezes, passo a noite fazendo os doces. Achava que não iria a lugar nenhum e desistiria na primeira semana, mas aqui estamos, lutando para crescer ainda mais”.