Além das despesas tradicionais do início de ano, quem tem filhos matriculados em uma instituição de ensino precisa se preocupar com uma conta a mais: a compra do material escolar. Para 2022, segundo a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (Abfiae), os pais devem preparar o bolso, visto que os produtos tiveram reajuste em todas as categorias, variando de 15% a 30%. O aumento supera a inflação registrada em 2021, quando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) alcançou 10,06%, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta assusta consumidores que buscam uma maneira de economizar na aquisição dos itens.
De acordo com o presidente executivo da Abfiae, Sidnei Bergamaschi, as indústrias e os importadores estão sofrendo uma grande elevação das despesas esse ano. “São aumentos frequentes nas diversas matérias-primas como, por exemplo, papel, papelão, plástico, químicos, embalagem, etc”. Para os produtos importados, os principais impactos são a variação do dólar no Brasil, os acréscimos de custos na Ásia e a majoração dos preços de fretes internacionais, decorrente da falta de containers. As medidas antidumping para importações de lápis da China, adotadas pelo governo brasileiro este ano, aumentaram os custos na categoria de lápis.
Ele diz que nenhum produto escapará da alta de preços. “Provavelmente, todas as categorias sofrerão reajuste. E mesmo os produtos nacionais não terão tanta procura por falta de opções. Pode ocorrer alguma migração de volume de produtos importados para nacionais, mas em pequena escala. Para a maioria dos produtos atualmente importados, as alternativas de fornecimento nacional são pequenas”.
Sem pesar no bolso
O educador financeiro Marcos Gomes salienta que nem todos os itens precisam ser novos. “É possível reaproveitar, por exemplo, mochilas, estojos, tesouras e apontadores. Esses materiais são bem resistentes e a troca só precisa ser feita quando realmente houver uma necessidade. Além disso, dependendo da marca escolhida, são produtos que acabam encarecendo bastante o valor total da lista”.
A psicóloga Cristiane Santos afirma que ainda não comprou o material escolar das duas filhas. “Já dei uma olhada na lista e várias coisas serão possíveis de reutilizar. Verifiquei os valores e estão realmente bem mais caros em comparação aos do ano passado. Não faço questão de marca, mas procuro sempre ver o melhor preço e qualidade. Em 2021, gastei cerca de R$ 500 para as duas já que estava no modelo on-line de ensino”.
Entre outras dicas para ajudar a economizar, Gomes reforça para ter em mente um valor médio de cada item antes de sair de casa. “Isso ajuda a conseguir descontos e a maioria das lojas costuma bater o preço da concorrência para não perder a venda. Pagar à vista também pode ser um bom negócio, porque pode sair mais barato do que parcelado e a conta ainda é resolvida no primeiro mês do ano”, esclarece.
Quando for até as papelarias para a compra, evitar levar os filhos também é uma tática que funciona. “Têm diversas opções de produtos, marcas e personagens que são o desejo das crianças por estarem na moda. Eles possuem o preço mais elevado e o ideal é fugir desses itens. Busque por marcas mais em conta, mas sem desprezar a qualidade do material escolar”.
Outra alternativa é comprar junto com outros pais. Os descontos podem ser maiores e o resultado bastante significativo. Foi isso que a auxiliar de administração Jéssica Oliveira fez. Ela conta que tomou a iniciativa de montar um grupo no WhatsApp com alguns pais. “Quando terminou o ano letivo nós já começamos a discutir a lista de material, porque a gente sabe que os valores sempre aumentam em janeiro. Comprei tudo ainda em dezembro”.
O ano passado foi marcado por aulas híbridas e muitos estudantes reaproveitaram materiais escolares de 2020. “Nosso mercado foi um dos mais atingidos durante a pandemia. Com escolas e comércio fechados, ocasionou uma queda no varejo de papelaria superior a 37%. Apesar de existir uma boa expectativa com o retorno das aulas presenciais em 2022, os comerciantes do setor estão cautelosos, pois sofreram muito em 2021, quando muitas empresas ficaram em dificuldades financeiras e outras encerraram suas atividades”, avalia Bergamaschi.