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Faturamento global do consumo de peixes é de US$ 401 bilhões por ano

O relatório bianual sobre o estado da Pesca e Aquicultura Mundial, divulgado este ano pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), aponta que o consumo mundial de peixes aumentou. Em 2018, a produção global de pescados atingiu 179 milhões de toneladas, com faturamento de US$ 401 bilhões. A aquicultura foi responsável por 82 milhões de toneladas e US$ 250 bilhões.

Do total produzido (pesca e aquicultura) 156 milhões de toneladas foram para consumo humano, o que representa uma média de 20,5 kg per capita. As outras 22 milhões de toneladas foram usadas, principalmente, para fazer farinha e óleo de peixe. A aquicultura produziu 46% do total e foi responsável por 52% do consumo humano.

A demanda global de pescados (soma da pesca e aquicultura) subiu na média anual 3,1% de 1961 para 2018 quase o dobro do que o crescimento da população e foi mais alta do que todas as outras proteínas de origem animal (bovina, suína, aves, leite, ovos, etc.). O consumo per capita foi de 9 kg para 20,5 kg de 1961 para 2018, com aumento médio de 1,5% ao ano. Dados do Anuário 2020 da Associação da Piscicultura (Peixe BR) apontam que, em 2019, foram produzidas 722.560 toneladas, com receita média de R$ 5,6 bilhões. O Brasil é o 4º maior criador de tilápia, representando 55,4% da produção do país. Os peixes nativos, liderados pelo tambaqui, participam com 39,8% e outras espécies com 4,6%. O setor gera em torno de 1 milhão de empregos diretos e indiretos.

Para o gerente de produtos para aquicultura, João Manoel Alves, o aumento do consumo de pescados tem se dado por vários motivos, dentre eles o crescimento da população, percepção da carne do peixe como mais saudável e oferta constante de quantidade e qualidade. “Atualmente, toda mercearia, em qualquer lugar do mundo, por mais simples que seja, oferece algum peixe e/ou camarão congelado de boa qualidade e a preços acessíveis”.

Ele acrescenta que se trata de um ramo que ainda irá crescer consideravelmente. “O Brasil é o país com o maior potencial para produzir pescados no planeta. Temos 8.500 km de costa e 12,5% da água doce de superfície do mundo e mais de 2.500 espécies. Temos tudo, porém só nos falta ainda uma legislação mais prática e que permita a implantação e regularização dos investimentos do segmento”.

Para Alves, o aumento da classe média na Ásia e em todos os outros continentes será importante, visto que o mundo ganha muitos milhões de novos consumidores. “Sempre que alguém amplia seus rendimentos passa a comprar mais proteína de origem animal”.

Um aspecto que será importante para o desenvolvimento é o fato de o setor já ter tecnologias capazes de encurtar os ciclos de produção de animais. “Isso é feito através do melhoramento genético, controle sanitário, conforto ambiental, gestão e nutrição adequada para a fase da criação e da finalidade zootécnica”.

Segundo o especialista, há fazendas, no Brasil, produzindo mais de 3 kg de camarão marinho por metro cúbico de água por ciclo (3 ciclos/ano) a mais de 1000 km do mar. “Criamos 60-80 kg de tilápias em um metro cúbico de tanque rede instalado em reservatórios para produção de energia elétrica ou 30-40 kg de peixes/m3 com a água recirculando em produções de verduras e legumes que aproveitam os nutrientes excretados pelos peixes”.

Futuro

O mercado segue otimista para o próximo ano. O gerente de produtos para aquicultura explica que estamos no início da safra, que é marcada pelo começo das chuvas, dias mais longos e quentes, período no qual começa as desovas. “A procura está alta, falta peixe no mercado e o preço do camarão também está reagindo. Os produtores têm conseguido abastecer o mercado de produtos de boa qualidade e na quantidade que o segmento precisa para o ano inteiro”.