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Vendas do Natal podem injetar quase R$ 69 bilhões no comércio do país

Em média, os entrevistados pretendem gastar R$ 122,78 com cada presente | Foto: Pexels/Any Lane

Pouco menos de um mês separa o brasileiro de um dos momentos mais tradicionais da cultura cristã: a ceia de Natal. Neste ano, com o avanço da vacinação da população contra a Covid-19, é esperado o retorno das aglomerações em família. Ao que tudo indica, muitos presentes serão trocados, mantendo a tradição da data mais importante para o comércio. A estimativa é de que 123,7 milhões (77%) de pessoas irão às compras, o que deve injetar, aproximadamente, R$68,4 bilhões na economia brasileira, segundo levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offer Wise Pesquisas.

De acordo com o estudo, os mais presenteados serão os filhos (62%), as mães (45%) e os cônjuges (42%). Além disso, 69% dos consumidores pretendem comprar presentes para si. Em média, os entrevistados pretendem comprar 4,5 lembranças para algum familiar ou amigo e o ticket médio previsto é de R$ 122,78. Além disso, metade daqueles que vão presentear deseja gastar até R$ 150 por item (49%). Em relação aos produtos que as pessoas mais querem comprar, destaca-se: roupas (61%), brinquedos (37%), perfumes/cosméticos (36%), calçados (36%) e acessórios (24%).

As projeções agradam a empreendedora Roberta Campolina. Proprietária de lojas de acessórios, semijoias e vestuário feminino nos bairros Buritis e Lourdes, em Belo Horizonte. “Realmente, tivemos uma queda no Natal do ano passado, mas esperamos um aumento de pelo menos 30% nas vendas deste ano. Acredito que será muito melhor, pois as pessoas poderão estar próximas novamente, ou seja, o que não foi vivido ano passado será com certeza aproveitado em 2021. Acredito que a população está mais atenta à família e aos momentos juntos”, acredita.

E-commerce em alta

A pesquisa também investigou os meios que serão mais adotados pelos consumidores: a internet (45%) será o principal local para compras do período. Em seguida, aparecem as lojas de departamento (43%) e o shopping centers (40%). Entre aqueles que farão compras on-line, 37% devem comprar quase todos os itens na internet; 31%, metade dos presentes; e 21%, todos. Em média, 67% das mercadorias serão adquiridas por meio de sites (76%), aplicativos (72%) e Instagram (23%).

Para o professor de economia do Ibmec BH, Paulo Casaca, mesmo com a volta gradual da normalidade, alguns hábitos devem se manter. “Apesar de voltarmos a ter a possibilidade de consumir presencialmente, o aprendizado que a população brasileira e mundial teve em relação a adquirir produtos via internet é algo que vai ficar. Nós não voltaremos a viver no estilo pré-pandemia, apesar de muitas pessoas preferirem ir às ruas para consumir no local, a grande maioria aprendeu a comprar on-line e vai manter, pelo menos em parte, esta cultura”, diz.

Para o economista, mesmo com as dificuldades econômicas, a população privada de momentos em família, deve se organizar para comemorar, ainda que adaptações precisem ser feitas. “Acredito que a gente não vai ter o aquecimento do comércio de fim de ano que esperávamos no início de 2021, quando imaginávamos uma recuperação econômica muito mais consistente do que a que tivemos”.

Ele explica os fatores. “O número de desempregados e endividados ainda é muito elevado por razões como aceleração da inflação, aumento do preço dos combustíveis, desvalorização do câmbio e períodos sem Auxílio Emergencial. Mas, a população deve se organizar para ter um final de ano melhor que o de 2020. A retomada da economia talvez venha em 2022, mas vai depender do que ocorrer, especialmente, em relação ao comportamento da inflação e o cenário político das eleições. São dois fatores importantes que podem contribuir positiva ou negativamente para o comércio do ano que vem”, avalia.