Em março de 2020, quando começou a crise sanitária de COVID-19 no Brasil, a maioria das empresas mandaram seus funcionários trabalhar de casa. A adoção do home office trouxe impactos significativos na rotina e na saúde física e mental de muitos profissionais. Isso porque não havia vacina e a única forma de conter o avanço da doença era com o distanciamento social, uso de máscara e álcool em gel. Passado um ano e meio de pandemia, grande parte da população já tomou pelo menos uma dose do imunizante e o número de novos casos e mortes está em queda. E, mesmo o home office sendo uma tendência, as empresas já sinalizam a retomada do trabalho presencial, o que pode ser um pouco complexo para alguns colaboradores. Sobre o tema, o Edição do Brasil conversou com a fisiologista e mentora Debora Garcia.
Existe alguma pesquisa sobre o desejo de retornar ao tralho presencial?
Sim. Segundo um levantamento realizado pela consultoria KPMG, mais de 66% das empresas desejam retomar as atividades profissionais presenciais ainda em 2021. Os 34% restantes planejam voltar aos escritórios e demais ambientes no próximo ano.
Por que voltar ao trabalho presencial pode ser complexo?
O retorno nem sempre é uma escolha do colaborador. Em muitos casos, essa é a única alternativa e, caso se recuse a voltar, o profissional pode ser até demitido por justa causa. A volta ao escritório e a outros ambientes de trabalho pode desencadear problemas sérios nos profissionais. Emoções como estresse, angústia e ansiedade podem aparecer por uma diversidade de motivos, que estão, com certeza, relacionados ao trabalho presencial. Um estudo da Korn Ferry mostrou que mais de 77% dos entrevistados acham estranho e difícil voltar à rotina presencial. Isso, com certeza, traz um impacto significativo na saúde mental do profissional e também em sua qualidade de vida.
Quais serão as maiores dificuldades dos profissionais?
Se readaptar a estar distante de seus familiares, ter longas horas perdidas no trânsito e outros fatores contribuem para os sentimentos de estresse e angústia. A exposição a um ambiente exterior ao lar precisa ser considerada como uma complexidade para o funcionário nesse momento. Por estar adaptado ao trabalho remoto, o colaborador pode se sentir nervoso e estressado ao precisar lidar com situações e problemas que não vivenciava em sua casa.
É necessário considerar os efeitos da pandemia na saúde mental dos trabalhadores? Muitas pessoas perderam entes queridos para a COVID-19. Isso faz com que traumas sejam desenvolvidos. Ao sair de casa para trabalhar, o funcionário pode se sentir exposto ao vírus e, com isso, ficar cada vez mais estressado, inseguro, ansioso e até mesmo paranoico.
Como as empresas podem se preparar para o retorno presencial?
Para que o funcionário volte a trabalhar de forma presencial, é essencial que a empresa preste o suporte necessário ao colaborador. Nesse cenário conturbado, a companhia precisa se mostrar preocupada com a saúde mental de seus empregados, uma vez que a falta dela pode comprometer a produtividade do profissional e, com isso, os resultados dos negócios.
E o que os funcionários podem fazer?
Se reorganizar no contexto familiar e encontrar novas dinâmicas tanto na rotina quanto nos hábitos de todos os familiares pode ajudar a viver esse retorno de forma mais saudável. A inteligência emocional se torna ainda mais necessária em uma situação como essa, uma vez que o colaborador vai precisar reconhecer e administrar suas emoções. A boa notícia é que a inteligência emocional pode ser desenvolvida e, para isso, basta começar a praticar.