Com um reforço financeiro de R$ 2,42 bilhões, o governo de Minas anunciou que, a partir de agosto, a folha de pagamento dos funcionários será cumprida em dia. Essa informação trouxe alento para cerca de 326 mil servidores ativos, isso sem contar os milhares de nomes incluídos na lista de aposentados. Para além desta constatação, é de se destacar uma realidade inexorável: o poder público estadual vem utilizando grande parte da receita líquida arrecadada para saldar esse compromisso.
Ao anunciar a boa nova, o governador Romeu Zema (Novo) relembrou que tem acontecido uma escala perversa para a efetiva data dos depósitos obrigatórios mensais nas contas desses funcionários e que, ao assumir o governo, encontrou pendências referentes até mesmo ao 13º.
Os R$ 2,42 bilhões serão destinados apenas para saldar os compromissos com essa parcela pública. Contudo, essa injeção de dinheiro vai permitir uma circulação enorme de capital, capaz de turbinar nossa economia, atualmente, combalida por conta da COVID-19.
Politicamente, o governador mineiro marcou um “gol de placa”, visto que em quase todas as residências espalhadas nos diferentes municípios, sempre existe um integrante ou parente trabalhando no estado. Assim, a capilaridade política de Zema vai só aumentando, inclusive porque há uma reconhecida expectativa de grandes investimentos vindos de um acordo com a Vale de mais de R$ 11 bilhões. A finalidade dele é alavancar grandes obras de infraestrutura e melhorar a estrutura física do setor de saúde, especialmente no que diz respeito aos hospitais regionais, muitos deles inacabados, como é o caso do de Divinópolis, onde a obra, embora quase pronta, está paralisada devido à falta de recursos financeiros.
Segundo comentários da imprensa, Zema não cumpriu grande parte de suas promessas de campanha. No entanto, as duas ações aqui mencionadas, indubitavelmente, reúnem condições de lhe garantir fôlego caso deseje mais uma oportunidade de comandar o governo do Estado. Ele esquiva-se de falar sobre reeleição, mas, de alguns meses para cá, tem visitado quase todas as regiões mineiras, levando sempre uma ação para atender aos pedidos e demandas das localidades. Como nem tudo são flores, o “calcanhar de Aquiles” dele está relacionado à sua falta de paciência de conviver com os meandros da política.
Aliás, ele insiste em dizer que não é político e isso, de certa forma, o afastou por completo dos bastidores da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), onde o governo não tem mais do que 20 apoiadores entre os 77 parlamentares. E, em época de eleição, o apoio dos deputados tem elevada significação, pois muitos deles são votados em centenas de municípios, categorizando-os como lideranças fortes e com amplas possibilidades de transferir votos em campanhas majoritárias.
Em verdade, a assessoria econômica e técnica de Zema são bem avaliadas, por seu turno, seus auxiliares da área política estão sempre recebendo críticas contundentes dos outros poderes. Todavia, como ainda resta um ano e meio para o término do atual mandato, esse entrevero político tem tempo de ser corrigido.