O cenário é de incerteza para grande parte das aplicações financeiras por conta da COVID-19. Por outro lado, o consórcio tem se mostrado uma alternativa mais simples e econômica nos últimos meses. Segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), o volume de novos participantes na modalidade atingiu 1,26 milhão no primeiro semestre de 2020. Em termos financeiros, os negócios decorrentes da venda de cotas alcançaram R$ 61,26 bilhões. O número representa estabilidade em relação aos R$ 61,55 bilhões contabilizados no mesmo período do ano passado.
Para Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC, os consumidores têm procurado administrar melhor suas finanças pessoais, familiares e até empresariais. “Estar ciente sobre a essência da educação financeira, na qual as peculiaridades do sistema de consórcios se inserem, possibilita que o mecanismo desperte várias oportunidades nos interessados, considerando principalmente os diferenciais em relação a outros meios de parcelamento disponíveis no mercado”.
Assim como diversos outros setores, o mercado de consórcios também sofreu os impactos ocasionados pela crise sanitária. Nos meses de março abril e maio registrou queda na aquisição de novos participantes na modalidade. Porém, a recuperação começou em junho, quando 243,10 mil cotas foram vendidas. A alta no 6º mês do ano foi impulsionada por veículos leves (107,04 mil) e motocicletas e motonetas (90,97 mil). Na sequência aparecem os imóveis (28,84 mil), veículos pesados (7,68 mil), serviços (4,95 mil), eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis (3,62 mil).
Rápida recuperação
Avaliando as performances mensais do sistema de consórcios, Rossi destaca que as indefinições em relação à reforma Tributária podem se tornar entraves à retomada das atividades. “No entanto, há boas notícias permeando a economia, por exemplo, a alta do índice da bolsa de valores brasileira, reflexo de oportunidades internacionais, a recuperação das vendas do varejo e a volta do setor industrial, resultado de medidas financeiras implementadas”.
“Estamos esperançosos em um segundo semestre melhor, porém cautelosos e sem euforia. Cientes também de que a pandemia não encerrou seu ciclo e que teremos de arcar com as consequências das ações adotadas em função do isolamento, entendemos que as experiências até agora vivenciadas poderão nos deixar um legado positivo, nos tornando capazes de dar a volta por cima”, finaliza.
O que é?
O economista e especialista em finanças pessoais Ângelo Cardoso explica que o consórcio é uma modalidade de compra baseada na união de pessoas, sejam físicas ou jurídicas, com a finalidade de formar poupança para a aquisição de bens ou serviços. “A criação desses grupos é feita por uma administradora autorizada e fiscalizada pelo Banco Central do Brasil. Nesse sistema, o montante é diluído em um prazo predeterminado e todos os integrantes contribuem ao longo desse período. Mensalmente ou conforme estipulado em contrato, a responsável pela gestão os contempla, por sorteio ou lance, com o crédito no valor do produto contratado, até que todos sejam atendidos”.
Quais as vantagens?
Ele explica que um dos benefícios é que o consórcio é menos burocrático. “Isso é bom para quem não consegue comprovar renda, por exemplo. Mas existem regras para participar e garantir a segurança de todos os consorciados. Outra vantagem é o menor custo, pois não há cobrança de juros. A pessoa paga apenas taxas administrativas, que são bem menores do que os juros cobrados pelas instituições financeiras. Além disso, o participante consegue fazer o planejamento da compra e sabe exatamente quanto vai pagar por mês. Também possui um tempo maior para sanar as parcelas. Por fim, quando chegar a sua vez de ser contemplado, o valor a ser resgatado será entregue integralmente”