O futebol profissional voltou. Mesmo não sabendo se está certo ou errado, mas cercado de cuidados especiais, a bola está rolando nos gramados.
Em Minas, num esforço gigantesco dos dirigentes da federação, dos clubes e das autoridades sanitárias, o campeonato regional caminha para sua finalização e, ao mesmo tempo, preparando o protocolo para receber os jogos das competições nacionais. As exigências são rígidas e complicadas.
Começa com a proibição da presença do torcedor. Atletas, comissões técnicas, árbitros e demais pessoas envolvidas em cada evento precisam passar por um ritual completo para acesso aos estádios.
O próprio estádio é obrigado a passar por uma limpeza apurada e higienização com produtos químicos. Até a bola entrou na roda. Durante o jogo recebe álcool em gel toda vez que sai do gramado. O tradicional hino nacional foi suspenso, assim como fotos dos times. Uniformes de aquecimento e de jogo precisam ser higienizados e colocados em sacos plásticos lacrados após cada partida, seguindo em separado para as lavanderias dos clubes.
Durante o jogo, jogadores estão proibidos de cuspir, abraçar, beber água na mesma vasilha do outro e evitar todas as formas de aglomeração. Uma mudança radical na cultura do futebol.
As delegações foram reduzidas ao mínimo necessário e até os veículos precisam passar por higienização. Mesmo com todos estes cuidados, vários profissionais foram atacados pelo vírus e estão fora de combate.
Da mesma forma, a imprensa esportiva também passa por uma complicada adequação para realizar seu trabalho de bem informar. Para ter acesso aos estádios, além do credenciamento oficial realizado pela Associação Mineira de Cronistas Esportivos (AMCE), cada um vai passar pelo processo de higienização e prevenção. A entidade colocou postos com distribuição de mascaras, medição de temperatura e totens com álcool em gel.
Em Belo Horizonte, a Secretária Municipal de Saúde exige que cada jornalista e pessoal da área técnica apresente o atestado que deu negativo no exame RT PCR. Um procedimento feito em laboratório particular com custo alto e prazo de 72 horas para entrega do resultado. Não serve outro tipo de teste. No interior não foi solicitado teste.
Essa determinação da Prefeitura de Belo Horizonte vem causando o impedimento de vários profissionais. Grande parte não tem recursos para bancar o custo e várias empresas não querem custear. Resultado? A cobertura presencial tem sido bem reduzida, com alto prejuízo para um trabalho jornalístico mais eficiente, além do risco de provocar redução de salários e desemprego.
O interessante de tudo isto é que observamos com grande respeito que infelizmente vem prevalecendo uma falta de critério preocupante. O que pode para um setor, não pode para outro. O que é permitido para uma cidade, não é permitido em outra.
Na capital mineira, a prefeitura permite o funcionamento de ônibus lotados, com passageiros aglomerados, sem medição de temperatura ou apresentação de atestado que está negativo. Em shoppings populares e vários comércios de rua a mesma coisa. Nos bairros populares a aglomeração é intensa. Sem a menor fiscalização.
Entretanto, nos estádios de BH, todos com ventilação livre e enormes espaços vazios, o setor destinado a imprensa a imprensa esportiva comporta todos os credenciados com o devido distanciamento e demais cuidados. A grande dificuldade é a exigência do teste PCR. Além do alto custo, a entrega do resultado demora, não bate com o calendário dos jogos. Um complicador sem tamanho. Compreendemos a necessidade de medidas para proteção da saúde e da vida de todos.
Sabemos que não se pode brincar com coisa tão seria. Ainda em março, quando o futebol ameaçava parar, compramos mascaras, álcool em gel e medidores de temperatura para oferecer para os associados.
Acreditamos que as autoridades sanitárias de BH são altamente capacitadas para avaliar possíveis problemas e possa ajudar a imprensa esportiva a cumprir sua missão de informar com segurança e responsabilidade.
*Luiz Carlos Gomes
Presidente da Associação Mineira de Cronistas
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